domingo, 22 de dezembro de 2019

• E aí está de novo o Natal...

E com o Natal volta de novo também um espírito consumista desenfreado e acéfalo, que se apodera de todos nós…

Estaria talvez já bastante em tempo para reflectirmos todos sobre este comportamento social que por uma tradição cega adoptamos sem o questionarmos minimamente…

Sobretudo nos tempos que correm, em que estamos todos muito preocupados com o clima do nosso planeta... Ou a fingir que nos preocupamos, participando em grandes manifestações de massas nas principais avenidas das nossas modernas urbes.

É que depois do Natal, logo, logo no dia 26 ou mesmo no próprio dia 25, o ambiente vai ressentir-se deste momentânea insanidade. Não são só as barrigas dos humanos que engordam neste período natalício. Os caixotes do lixo - ou melhor, do desperdício - também. Exponencialmente.

Pornograficamente, direi mesmo eu…

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

• A Feira Nacional do Cavalo

É todos os anos igual. Quase nada muda. E no entanto apetece todos os anos lá voltar à Golegã. 

E caminhar no meio da confusão daquelas ruas apinhadas de gente. Porque é só lá que aquele ambiente de paixão pelo tema do cavalo existe, esse belo animal que neste país tem uma raça tão esplêndida, o Lusitano.

Apesar de não ser um grande aficionado, mais uma vez lá fui, neste último domingo bem servido de chuva miudinha molha-parvos… Porque tinha mesmo de ser assim, pronto!…

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

• Tortas de Azeitão

Se eu fosse o dono duma cafetaria, haveria de oferecer aos meus clientes um pack como este da foto acima: uma ou duas magníficas tortas de Azeitão, acompanhadas dum cálice do não menos excelente Moscatel de Setúbal.

Não compreendo como não se vê por aí - mesmo na própria vila de Azeitão - quem tenha esta visão… É que esta combinação é quanto a mim nada mais nada menos do que o melhor que este país tem para deleitar quem nos visita.

quinta-feira, 5 de setembro de 2019

• Qualidade de vida

Em Abril do ano passado quis deixar um agradecimento ao universo por aquilo que designei como “um período de relativa calmaria nesta corrente existência terrena minha”.

Muitas águas correram por debaixo da ponte desde então. O tal período benévolo persiste. Tive um final de ano de 2018 muito prazeiroso, diria até glorioso.

O meu castelo não está ainda pronto, todavia. Mas passos foram dados no sentido de uma melhoria assinalável da minha qualidade de vida pessoal.

Houve uma janela de oportunidade que se abriu nesse tal benfazejo 2018, em Agosto, Para que se proporcionasse ser mais autónomo. Para que passasse a ser um centauro motorizado a quatro rodas. De novo, após uns longos anos apeado.

Não foi nesse Agosto de há um ano atrás mas foi neste recentíssimo, que findou há dias. Mas la macchina que me estava destinada esperou por mim todo este interim. E isto parece ter todo um simbolismo de bom augúrio.

Agora, almejo muito é partilhar esta qualidade de vida a que me alcandorei com quem me visitou no final de 2018.

Seria tão, mas tão fixe passear cabelos ao vento por belas paisagens naturais, ainda não exploradas por aquele amore mio. E desfrutar de la dolce vita, insieme.

Se ao menos fosse possível recuperar o tempo perdido… Ou voltar atrás alguns recentes anos numa providencial máquina do tempo...

Ok, eu sei, este desejo é uma ideia peregrina. Mas quem sou eu senão o rei das ideias peregrinas?... Hum?...

Afinal, hoje em dia parece que “Boa Londres é esta”, como já o afirmavam ao Mestre de Aviz há tantos séculos atrás. E as hordas de forasteiros que nos visitam e que depois por cá se quedam estão a fazer com que nós tugas estejamos a despertar para esse facto.

quinta-feira, 22 de agosto de 2019

• 10

Dez anos. Há dez anos que sou um blogger. Há dez anos que mantenho esta disciplina de escrever pelo menos um post por mês, em cada um dos três blogs que fui criando, ainda no primeiro ano desta actividade talvez supérflua e fútil. Sem falha.

A impressão fica que ao longo destes dez anos as pessoas foram deixando de ler blogs. Ou talvez não…

Talvez aqueles que se iniciaram na blogosfera bem no início deste fenómeno digital tenham garantido logo cedo a sua massa crítica de leitores. Ou pelo menos alguns destes. Aqueles a quem algum golpe de sorte tenha bafejado. E por isso tenham atingido um estado de graça que não se desvaneceu.

Talvez eu tenha chegado já tarde á blogosfera. Talvez os assuntos que abordo não sejam nada mainstream. Ou não são apelativos, tout court. Ou não haja um target* bem definido para o meu estilo de escrita.

Em boa verdade, tantas mais razões podem existir, afinal, para não ter alcançado um suposto sucesso que de uma forma largamente optimista eu sempre esperei obter...

Mas pouco importa. Talvez eu persista mais outros dez anos. Não sei. Não tem de haver uma altura para um homem que gosta de escrever se reformar dessa azáfama. Alcance o nirvana do sucesso ou não.

Algum tipo de sucesso garanti hoje mesmo, de qualquer modo. A partir de hoje posso legitimamente sentir-me mais livre e autónomo. E também mais produtivo na profissão que tenho abraçado neste últimos três a quatro anos. Ou por outro lado, sobretudo vou ser mais criativo. E o serviço que presto mais apreciado pelas gentes viajantes.

Pois é, hoje talvez tenha chegado o boost que me faltava. Para tudo. Como guia turístico e como blogger. Como fotógrafo amador, também talvez. Na missão que julgo ter neste mundo.

E o que é curioso é que a minha muleta aguardou um ano inteiro para que alguém - no caso sou eu o sortudo - passasse a dar-lhe um sentido de utilidade. Quiçá mais um sinal dos deuses a significar que tem que ser desta**!… 
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* Em termos de idade ou de género, não parece haver um público-alvo alargado para o que a minha pena produz.

** Para além disto, o dia começou nada mal, com um bom augúrio. Com um record absoluto de page views, assinalado pelo website statcounter.com. Mas o que era mesmo fixe eram os comentários nos posts dos três blogs voltarem a ressurgir. E não mais abrandarem.

sexta-feira, 9 de agosto de 2019

• Logo agora...

Logo agora que estou quase a ter entre mãos um veículo com o qual tenho andado a sonhar nos últimos nove meses, eis que surge - só para me melgar uma beka - uma nova versão melhorada deste!… À qual deram uma designação veramente apelativa: Fiat 500 Dolcevita.

Um restyling digno de nota aqui neste bloguinho!… Como todos poderão comprovar consultando o website da Fiat portuguesa com o link indicado acima.

Ok, já não irei a tempo de fazer a agulha de modo a receber antes este novíssimo modelo. Paciência!… O importante será desfrutar do que vier a ter. Será o meu primeiro carro zero km.

E simultaneamente o primeiro descapotável que me será permitido conduzir por um período bem largo. Digo, maior do que apenas por dois a três dias. 

Bom, mas isto são apenas assuntos menores. Peanuts. É favor não esquecer que estamos no querido mês de Agosto. Época do ano em que habitualmente no pasa nada. E quiçá por isso é que decidi me tornar um blogger por esta altura. Está agora quase a fazer 10 anos!…

Uma década a falar de ideias peregrinas!… Ou talvez não. Talvez antes tão-só ideias curiosas. Criativas. Giras.

Como esta ideia aqui ao lado. Um simples tapete de rato, vulgar de Lineu.

No caso, que é mesmo, mesmo um tapete!… E logo um persa. Disponível para compra num lugar que me é muito caro: no Museu Calouste Gulbenkian, na sua loja, costumeira em todo o museu que se preza.

O tipo de ideia criativa simples assim. Género Ovo de Colombo. Como eu gosto.

quinta-feira, 25 de julho de 2019

• Está quase...

Este corrente sétimo mês deste anno da graça de dois mil e dezanove tem sido de uma correria sem parança. Du boulot sans cesse! J’ai bossé et bossé presque sans arrêt!... Mas quiçá haja um prémio quando chegar ao fim do túnel.

Está quase, quase a ser concretizada uma ideia nada peregrina à qual em tempos idos já me referi, aqui.

Ao fim de vários anos, vou talvez voltar em breve a ter um volante só pa'mim nas minhas mãozinhas. Para meu total deleite mas também para cumprir o dever a que as minhas missões nesta vida me obrigam: dar a conhecer a forasteiros os encantos ocultos neste fantástico jardim à beira-mar plantado.

Já agora, quero hoje dar nota também de que assassinei um preconceito meu. Cuidava eu que um veículo descapotável era perfeitamente inadaptado e inútil em climas frios, como o do norte da Europa. Como dessas saudosas paragens da Estónia e da Finlândia.

Pois parece-me afinal que há boas hipóteses de não ser totalmente assim. Que um removable rooftop também pode ser um must em meio duma bela paisagem repleta de neve branquinha.

quarta-feira, 26 de junho de 2019

• São Lourenço do Barrocal

Afinal de contas, esta humilde pátria minha lusitana onde me arrasto ainda me consegue surpreender e até encantar…

Desapontado e cansado das paisagens que me são habituais andei por muito tempo. E também saudoso de outras paragens onde já tive a ventura de viver temporariamente. E por isso é um deleite imenso quando algo novo e sobretudo belo surge diante dos meus olhos, aqui no jardim à beira-mar plantado.

No passado mês de Maio tive um desafio profissional como motorista de turismo, partilhado com mais nove colegas. Que nos levou até uma mui nobre e singela unidade hoteleira bem nesse coração do prazeirento Alentejo, que se revelou um autêntico pequeno paraíso.

Falo da ainda meio secreta herdade de São Lourenço do Barrocal, à beira da estrada nacional entre Monsaraz e São Pedro do Corval.

Neste hotel de charme estiveram alojados durante um fim de semana cerca de setenta cidadãos suíços, que constituíam um grupo empregados de uma empresa de informática - cujo nome é um segredo profissional - envolvidos numa sessão de team building. E nós, eu e outros nove magníficos gentlemen, tivémos a missão de os levar a passear por aquela região, em dez não menos magníficas e luxuosas vans Mercedes classe V.

Encetámos por ir até um cais fluvial na albufeira do Alqueva para que embarcassem num passeio de barco por aquele lago artificial. 

Fomos depois pela tardinha recolhê-los - para os trazer de regresso ao conforto do hotel do Barrocal - numa recôndita propriedade rural á beira do rio Guadiana, onde este curso de água faz o papel de fronteira natural com a vizinha Espanha, no concelho do Alandroal. 

Herdade da Granja assim se chamava a propriedade. E para lá chegar e voltar, metemos as 10 Mercedes classe V por estradões de terra, mais próprios para veículos todo-o-terreno. Convivendo com muito pó, inevitavelmente.

Ademais, esta caravana de 10 Mercedes classe V, pretas e de vidros fumados, atravessando pequenos povoados - com curiosos e cómicos nomes, como por exemplo Cabeça de Carneiro - onde quase só se vislumbrava gente idosa deveria parecer a estes como que se tratasse de alguma espécie de congresso da máfia russa, a decorrer nas suas pacatas terrinhas…

Foi giro ver as caras de espanto dos transeuntes - e até dos rebanhos de ovelhas - ao serem fatalmente surpreendidos por todo aquele aparato mecânico.

Ao fim do primeiro dia da missão, era mister proporcionar aos suíços a experiência de entrar num dos mais famosos templos gastronómicos de todo Portugal: o restaurante Fialho, dentro das muralhas de Évora. Onde eu ainda tenho de ir orar um dia…

E no segundo dia, toca de irem a uma prova de vinhos seguida de um belo repasto na Herdade do Esporão.

Que é só a melhor casa vinícola na capital do vinho em Portugal, a calorosa vila de Reguengos de Monsaraz.

Onde tantas outras vinícolas se localizam. Mas onde o Esporão se destaca, pela vastidão por onde as suas vinhas se espalham, a perder de vista por toda aquela planície.

Finalmente, para rematar estas jornadas duma pura dolce vita, um jantar ao luso-fusco no restaurante Xarês, dentro das muralhas do altaneiro castelo de Monsaraz. Com uma mais que belíssima implantação na paisagem alentejana. Dum lado o lago do Alqueva, que me fez lembrar o país dos mil lagos. Do outro, um horizonte alargado sobre uma campina plana abaixo dos nossos pés. Servida por uma luz dum sunset apaziguador. O perfeito repouso do guerreiro que há dentro de todos nós.

Finda toda esta missão, regresso á capital pela auto-estrada. Sempre a abrir. Agora meio desgarrados. Não já como no início deste assignment, quando seria impressionante também ver uma fila compacta de 10 Mercedes classe V pretas a ultrapassar todos os outros condutores domingueiros de veículos indolentes. E nós, voando baixinho, pairando bem acima dos valores legais de velocidade máxima permitida…  ;-)

A indústria do turismo em Portugal vive dias promissores, quando vemos o nosso país ser escolhido para organizar eventos como este. E sobretudo quando vemos a felicidade estampada nos rostos de quem viveu estes dias intensos.

E isto faz a nossa própria felicidade, de nós, lusos.

Para além de tudo o que foi relatado acima, há ainda que dizer que é bem encantador e reconfortante percorrer o rude caminho desde o portão da estrada nacional até ao casario do hotel do Barrocal, caminho que soe ter uma boa moldura constituída por uma manada de pachorrentos bovinos, pastando ou ruminando e mirando-nos, meio indiferentes a toda a nossa humana azáfama. Quiçá sentindo até alguma pena de nós...
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Nota: Não posso esquecer de referir dois lugares onde nós, drivers, tivémos a oportunidade de degustar a genuina gastronomia do Alentejo. Deliciosa, como sempre. Para dar livre curso ao pecado da gula. Falo da Adega Cachete, em São Pedro do Corval, e do restaurante O Pingo, em Reguengos de Monsaraz.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

• Sílvia Pérez Cruz



Hoje inauguro neste blog uma nova rubrica, “Sublimemente belo”, que já existe noutro blog da minha autoria. Rubrica essa iniciada com este post que pode ser visualizado clicando aqui.

Sílvia Pérez Cruz é uma voz singularíssima da Catalunha, que me foi dada a conhecer através do meu bom amigo Luis Filipe, dono da Loja do Américo, em Óbidos.

Aqui deixo o meu mui sentido “Domo Arigato Gozaimasu” a este grande senhor e poço de cultura, o qual é sempre um deleite ouvir.

E já agora, se vos apetecer, caros leitores, provar a mais genuína Ginja de Óbidos, com história(s) á mistura para melhor degustar, já sabeis para onde dirigir os vossos passos.

Escutamos neste videoclip mais uma versão da icónica canção "Cucurrucucú Paloma”, tema originariamente do México, que já foi objecto de inúmeras variantes. Até Caetano Veloso fez uma, para a banda sonora do filme "Habla con ella", de Pedro Almodovar

Habituado que estou a ouvir bandas de mariachis interpretando esta música, isso não me impediu de ficar rendido incondicionalmente a esta versão cantada por Sílvia.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

• Manmadhudu 2 - o filme

Manmadhudu 2”, um filme indiano que não vale a pena correr para ir pesquisar em que salas de cinema estará em exibição… Porque ainda se encontra em fase de rodagem. Entre outros lugares, também aqui nesta sunny Lisbon.

Voltei a fazer sessões de figuração com este filme hindu, que é uma sequela de um outro, o primeiro do mesmo nome, “Manmadhudu”, do já longínquo ano de 2002. Com as filmagens do último a decorrer na arquibancada do estádio Alvalade XXI, o do meu clube, o Pótingue

Nada de extraordinário.

Uns dias depois, era para entrar também noutro filme, este agora português, “O Ano da Morte de Ricardo Reis”, baseado no livro homónimo de José Saramago

Mas desta feita fiz uma desfeita com quem me convidou para este participação, mesmo à hora de entrada para o cenário, qual noivo chegando na igreja e voltando para trás arrependido.

É que aquilo era para ser uma molhada de figurantes, na praça de touros do Campo Pequeno. Até poderia vir a ser divertido estar ali naquele espaço, ver os bastidores da arena, conviver com gajos vestidos de oficiais nazis e soldados dos exércitos de Mussolini, mas…

…Eu quis dar um fora aos crowds que se ocupavam daquele batalhão de figurantes. Porque nos tratam como gado; porque eu vinha com um fatinho novo a estear, totalmente Fernando Pessoa, e não ia brilhar - como eu tinha a ilusão de poder fazer, já agora… - no meio daquela maralha toda; e porque toda aquela conjuntura me desmotivou assaz e é preciso ter amor próprio, caramba!…

Curiosamente, ontem ao fim do dia, na minha mais habitual função de motorista de turismo, fui levar a passear num belo dum Mercedes por esta Lisboa à noite um “casal” de actores, dois monstros sagrados da tupiniquim Rede Globo: Miguel Falabella e Marisa Orth.

É que eles estão por estes dias a passar uma curta estadia em Portugal, por causa desse habitual frete a que artistas têm de se sujeitar: o lançamento do seu filme “Sai de Baixo”, por esta Europa toda. Até no pobre do reino da Dinamarca, às tantas...

Estranha forma de vida, a minha… E não sou fadista, nem nunca provavelmente o serei. Mas anteontem ao lusco-fusco, perdendo alguns dos meus passos por Alfama, esse imundo bairro que cheira a Lisboa, até poderia bem parecer um desses mamíferos. Isto devido ao outfit que estava a usar.

Ultimamente, às vezes olho-me ao espelho e num sacana dum narcisismo recém-despertado e mal disfarçado até chego a me auto-avaliar como um g'anda canhão... Ah, se as minhas ex-wives me pudessem ver agora, que estou nos trinques!...
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Nota: Miguel Falabella e Marisa Orth - sobretudo esta última grande Senhora, com S maiúsculo - fizeram-me a grande honra de agradecer no final o serviço que lhes prestei. Se eles alguma vez lerem estas linhas, eu quero que saibam que senti que este dito serviço foi como que o pagamento duma dívida que eu tinha para com eles. Devo-lhes muita risada. Mas também muita reflexão profunda que me induziram com o serviço que eles sempre prestam à nossa pobre humanidade.

terça-feira, 23 de abril de 2019

• Duško Popov

Duško Popov. Reconhece este nome?… É provável que não. E no entanto estamos a falar de alguém que foi o mais famoso espião da Segunda Guerra Mundial. Personagem real que deu origem a outro igualmente mui famoso espião mundial, mas agora na ficção: James Bond, o agente 007.

Duško Popov era sérvio, nascida em Titel, na antiga Jugoslávia, no seio duma família aristocrática e abastada. O que lhe terá permitido uma educação nas melhores universidades europeias, onde cursou Leis e Direito. Bem como ser um grande aficionado de automóveis desportivos de grande cilindrada e luxo.

Este senhor passou por cá, pelo nosso Portugalito, entre os finais de 1940 e meados de 1941. Esteve inicialmente alojado no hotel Aviz, em Lisboa - um hotel majestoso que já não existe - onde na altura um dos homens mais ricos do mundo, Calouste Gulbenkian, mister five per cent, era também um notável hóspede*.

O hotel Aviz seria nesse tempo a colmeia dos espiões do Eixo, sobretudo alemães. Popov mudou-se entretanto para o icónico hotel Palácio, no cosmopolita Estoril, que era tradicionalmente frequentado pelos espiões pró-Aliados, britânicos na maior parte, entre os quais se encontrava um tal de... Ian Fleming.

Ainda hoje o hotel Palácio é chamado pelas boas gentes do Estoril de hotel dos espiões. E não é por menos. Neste hotel foi em parte filmado um filme da saga 007: “Casino Royale”, com o mesmo título do primeiro romance de Ian Fleming, com o seu quase imortal personagem James Bond.

Não foi apenas este filme que foi aí rodado. Outros se seguiram. E em todos estes não houve lugar á contratação de actores e figurantes para fazerem de empregados do hotel. As pessoas reais pertencentes ao staff do hotel fizeram o papel de si mesmos nestes filmes. Nomeadamente, o concièrge, o sr. José Afonso, sempre presente à entrada do hotel com a sua cartola, com mais de 60 anos ao seu serviço, é por vezes reconhecido pelos novos hóspedes recém-chegados por causa das suas memórias de filmes do agente 007.

Mas voltando ao “nosso” mito real Duško Popov, sendo este muito popular entre as damas da alta sociedade do Estoril naquele tempo, segundo consta, Ian Fleming viu nele a inspiração para criar James Bond, um incorrigível womanizing fine fellow.

Uma vez que Popov era agente duplo, colaborando com a Abwehr, serviços secretos nazis, e com o MI5 inglês, ele e Fleming tiveram fatalmente de entrar em contacto. Diz-se mesmo que uma famosa cena de apostas na roleta no filme “Casino Royale” é a reprodução de um combined job onde Popov e Fleming tiveram de agir juntos e para o mesmo fim, favorável à facção dos Aliados.

Diz-se ainda acerca de Duško Popov que foi inclusivamente um agente triplo, ao serviço também do FBI americano. Ao qual teria prevenido o seu director, Edgar Hoover, do interesse do Japão sobre Pearl Harbour, antes do ataque que provocou a entrada dos Estados Unidos na guerra. Hoover não terá dado grande crédito às histórias do sérvio. O que se passou a seguir já todos sabemos.

Muito se pode consultar sobre a fantástica vida de Duško Popov e da sua relação com o nosso país. E não só na Wikipedia. Sugiro que se leia estes artigos em inglês, clicando aqui e aqui, e em português, aqui e aqui.

Afinal de contas, temos aqui no nosso minúsculo cantinho à beira-mar plantado histórias de vidas tão ricas e fascinantes como esta de Duško Popov e outras. E poucos de nós estão cientes delas…
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* Calouste Gulbenkian, aliás, durante todo o tempo que viveu em Lisboa jamais adquiriu uma casa própria e sempre habitou uma suite do hotel Aviz.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

• Hoje o mar tá flat?…

No problemo! Já não é necessário haver ondas. Até num lago de águas calmas e cristalinas como uma piscina podemos praticar surf. Ou algo parecido com surf

Uma prancha de surf com motorização não é uma coisa que se possa dizer de uma inovação absoluta. Houve já quem tivesse a ideia peregrina de instalar um vulgar motor fora de borda - daqueles a hélice, de menor potência, que se podem instalar em botes de borracha, por exemplo - numa longboard. Isto nos anos cinquenta ou sessenta do século passado. Portanto, há bastante tempo já.

A Onean, uma empresa de Bilbao, País Basco espanhol, também não é a única no mundo hoje em dia a produzir este tipo de pranchas com motor de jetski e propulsão eléctrica. Mas foi com a Onean que eu descobri esta forma de lazer e diversão. Na última edição da NautiCampo, na FIL, Feira Internacional de Lisboa.

É favor visionar estes dois vídeos promocionais, clicando aqui e aqui, para ficar com a mesma vontade de experimentar este novo desporto com que eu fiquei.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

• Apple iCar

Como confessei num recente post doutro dos meus blogs, a minha inspiração para a escrita está a demorar a recomeçar neste novo ano de 2019. Então, há que desencantar assuntos avulsos. Escolhi carros. E o que será o futuro destes.

Já existe a “Apple dos carros”, a Tesla. Não era tão necessário a própria da Apple querer fazer a revolução - mais uma!… - no fervoroso mercado automóvel mundial. E no entanto, ei-los que vêm aí, a querer também meter o seu bedelho.

As imagens que já temos disponíveis de protótipos que podem dar nascença ao iCar mostram um aspecto demasiado “clean”. Totalmente “Applelike”. Incondicionalmente "think different", o famoso slogan da marca da maçã. A ver no que se vão tornar quando se confrontarem com o mundo real…
 

E é isto, que a verve não abunda por estes dias frios e cinzentos…