segunda-feira, 22 de agosto de 2016

• 7º aniversário

Sete. Sete longos anos a converter pensamentos para a forma escrita, com uma persistência regular.

Sete anos a conservar palavras ditas no ciberespaço. Sem saber se se está a fazer a coisa certa. Mas continuando sempre a navegar em solitário. Sempre sem avistar sequer ao longe a terra prometida.

Compreendo hoje a angústia de Cristovão Colombo no alto mar…

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

• Mais devaneios

Anteontem, um sábado e penúltimo dia do mês de Julho mais quente dos últimos trinta e tal anos - dizem por aí os que estudam dados estatísticos meteorológicas… -, acordei às 5 da manhã. 

Isto para tentar estar às 7 horas no Campo Grande, em Lisboa. Para chegar ás 8 aos estúdios da Plural na Quinta dos Melos, em Bucelas. Para ficar sem fazer nada, consumindo todas as horas da minha vida nesse dia à espera que batessem as 18 horas.

Foi por essa altura desse sábado deste quente estio que finalmente entrei num décor de gravação dum episódio da 3ª temporada da telenovela “A Única Mulher”. E gravei uma única cena em que participo durante uns 4 a 5 segundos.

Foi nisto que se esfumaram as horas deste dia da minha vã existência neste planeta e neste país onde nasci. Ingloriamente. Ou talvez não…

Muitos outros colegas de ofício também tiveram as horas do seu dia a esfumarem-se ali, naquela missão conjunta que tínhamos de produzir todos juntos minutos de entretenimento televisivo.

Com foi o caso do José Wallenstein, a quem tive de fingir dar um bacalhau e dizer-lhe “Esteja descansado.”, trajado de gato pingado. Abandonando de seguida o palco, afim deste encetar um diálogo com o Paulo Pires.

Horas e horas de tanta vida humana, gastas a fabricar escassos minutos do tal entretenimento… A segunda parte do Panem et Circenses que nos vão despejando em cima, cuidando que deste serviço carecemos todos. 

Tudo isto para assistirmos na pantalha lá de casa, mesclado com as reportagens especiais de última hora dos diversos atentados terroristas e demais actos desesperados da estupidez humana, que entretanto nestes meses quentes da silly season do mundo ocidental foram acontecendo.

Involuntariamente, ao serão e no lar, doce lar, na companhia da minha filhota, dei por mim a rever o resultado do árduo trabalho a que nos dedicamos, eu e os meus colegas. Ou seja, assisti ao episódio dessa noite da mesma telenovela para a qual tinha estado em estúdio a gravar uns tais 5 segundos.

E reflecti nisto… Apesar de todo o profissionalismo, afinco e dedicação às artes de representar e de filmar, de toda uma multidão de recursos humanos, o tal resultado é… medíocre.

E nem podia ser doutra maneira. Quando se concebe um guião para uma telenovela, não se pode esperar um “Guerra e Paz”. Não há tempo. Tem de ser em cima do joelho. E nem os argumentistas são alguns Lev Nikolayevich Tolstoi. O que é preciso é encher chouriços, com competência q.b..

Mas se as boas das criaturas que escrevem guiões não serão grandes espingardas, já o mesmo não direi dos actores e equipas técnicas que os têm de seguir. Esses são supra-sumos. E mereciam melhor. Muito melhor. Mas sujeitam-se a ter de fazer estas coisas para ganhar a vidinha. E nos entrementes fazem um filme de culto ou outro. Ou uma peça de teatro de curta temporada.

Até mesmo moi acho que merecia melhor!.. Se oportunidades maiores surgirem. Não será a fazer estes biscates que deixarei a minha marca neste mundo. Mas pode ser que a deixe a escrever sobre estas desventuras. Quem sabe…
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Nota: Em modos de ponto da situação, e para registo neste meu “diz que é uma espécie de diário”, tem sido esta a única actividade a que me tenho dedicado desde o Magic Mystery Tour, que terminou em fins de Junho. 

Para além do que já aqui relatei, lá fui aumentando a contabilidade das séries e telenovelas portuguesas em que participei para treze, com esta nova “Amor Maior”, da SIC. E voltei a entrar num episódio da série tv francesa “Une Famille Formidable”, do canal generalista TF1, gravado aqui na Olissipo, como já no verão passado aconteceu. Desta vez foi no Bairro Alto, no Café Luso, esse templo do fado lisboeta.

Mas urge deitar a escada para tentar outros desafios mais altos. Melhor, urge dar um sentido bem maior a esta minha existência.