quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

• Amo o que faço

Eram umas sete e pouco da matina dum domingo que se anunciava bem radioso.

Estou vestido todo pinoca e vou a conduzir um Mercedes E-Class preto. Rumando desde a minha casa até Óbidos, à vontadinha ao longo duma A8 vazia de outros carros. Ouvindo Bob Marley no sistema audio da viatura. Que era o meu circunstancial brinquedo.

Assim de repente, dou por um espectáculo da nossa querida mãe-natureza, a decorrer ali bem ao meu lado direito.

O sol tentava nascer atrás da Serra de Montejunto, que brilhava como se fora uma pepita de ouro gigante.

Dei por mim a falar comigo mesmo, exclamando entre dentes “Eu tenho mesmo o melhor emprego do mundo!…”.

Isto foi há uns dez dias atrás. Quero passar esta memórias para este blog mais cedo do que apenas hoje. Mas o ritmo intenso de outras mais boas experiências que venho vivendo não me deixou tempo de qualidade para escrever.

Dirigia-me naquele dia até à Pousada do Castelo de Óbidos, a buscar duas ilustres viajantes do país do sol nascente ali alojadas. Afim de as trazer até á capital ao fim dessa jornada. A simpatia que mutuamente eu e estas dedicámos um às outras leva-nos a cumprimentarmo-nos com um singelo “Namasté”.

Talvez por estas senhoras serem do país do sol nascente apreciaram sobejamente uma fotografia do nascer do sol perto do seu hotel que tirei enquanto as aguardava. E pediram-me que partilhasse essa mesma foto por email com elas.

Na véspera tinhamos vindo de Coimbra até esta unidade hoteleira tão peculiar. O que me obrigou a vencer a distância desde a entrada nas muralhas de Óbidos até á recepção da Pousada, rompendo através da multidão que acorreu naquela tarde de sábado ao evento de animação ali presente, chamada de “Vila Natal”.

Chateei montes de famílias com carrinhos de bebés que pululavam pelas artérias estreitas e íngremes daquela bela Oppidum, que se viram forçadas a desviar-se do seu aprazível passeio para permitirem a marcha lenta do meu bólide através daquela mole de gente muito mas muito pachorrenta...

Os impropérios que então ia ouvindo - a somar aos que não ouvia mas adivinhava - protestando contra esta minha démarche até me deram mais alento no cumprimento da minha missão. E fizeram-me sentir um gajo assaz importante, por estar a importunar tanta gente.  ;-)

Amo mesmo o que faço, tal como já o proclamei num post noutro dos meus blogs.

E vejo o meu empenho reconhecido, na maior parte das vezes. De várias e variadas formas. Como nestes cartões que as “minhas” alegres viajantes nipónicas me presentearam no fim do dia.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

• Places to go before I die - V

Pärnu. A capital de verão da Estónia. A cidade onde ela nasceu e onde viveu a sua infância, imagino eu que dum modo feliz.

Desta feita não há aqui apenas a usual declaração de intenção desta rubrica “Places to go before I die”. Não. No começo do próximo ano de 2017 quero mesmo lá estar. 

Quero lá saber se estará frio p’ra caramba!… Nem vou a contar com que eu e ela nos encontraremos lá. Que teremos a ventura de nos olharmos demoradamente olhos nos olhos, uma vez mais nesta vida. E sobretudo apaixonadamente, como não pode deixar de ser. Com aquela devoção a roçar o sagrado. Falo por mim.

Vou porque quero ir. Vou porque sinto que deve haver algo naquela cidade ou naquele pequeno país, a Estónia, que me espera desde que eu nasci. Desde que vim desta última vez a este mundo.

Se os meus melhores sonhos se cumprirem, quero ficar no Rannahotell. Este hotelzinho, com ares de ter sido construído nos tempos da cortina de ferro, tem qualquer coisa que me atrai nele… Até não me chateava nada de um dia lá trabalhar como Guest Relations, por exemplo.

Deve também haver algo da minha alma que deixei em Tallinn, onde gozei algumas horas felizes no dia do meu 55º aniversário. E aonde quero voltar sem tempo limitado. Oxalá o mercadinho de Natal ainda persista na principal praça do casco viejo de la ciudad quando eu lá chegar…

Deve haver algo em Saaremaa, essa mítica ilha aonde desde há tantos anos* comecei a sonhar lá desembarcar um dia. Ainda lá vou tropeçar em algum achado arqueológico dos povos vikings que aqui também existiram. E diz-se que estes de Saaremaa eram dos mais temidos e valorosos guerreiros vikings, à sua época!…

E não sei ainda porquê, mas pressinto que Kuressaare, a capital da ilha, deve ser um mimo!...

Deve haver algo também em Setomaa, esse pequeno reino de conto de fadas, hoje com o seu território dividido entre a Estónia e a Rússia. Onde uma curiosa antiga etnia, o povo Seto, quer muito preservar o seu modo de vida ancestral, apesar do corrupio do mundo moderno actual. E depois, o meu interesse neste reino de Setomaa foi despertado também quando soube que lá existem mulheres com o nome dela.

E hei-de ainda voltar à Finlândia!… Para azucrinar os finlandeses, mantendo contacto visual com estes e sorrindo na cara deles. Para poder dizer “Kiitos” nos transportes públicos e fazer sentido dizê-lo. Para voltar a repisar os lugares na capital Helsinki que ela me fez descobrir. Como the wooden church. Ou o mercado junto ao porto. Para tornar a ver Lahti e o saudoso lago Vesijãrvi. Para poder escutar de novo suomi pop nas rádios locais. E se calhar, me apetecer e me convidarem, para fazer outra vez sauna, mesmo à séria.

Mais!… Desta vez quero também poder viajar no Allegro, comboio rápido que nos leva de Helsinki até Peteri, que é como lá apelidam a cidade de São Petersburgo, na vizinha Russia. Talvez parando em Imatra, perto da fronteira, ainda do lado finlandês. 

E não devo ficar por aqui!… Mas quando lá estiver, verei.
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* Quando com os meus dezoito anos li um artigo sobre esta ilha na antiga revista “Vida Soviética”, na sua edição em língua portuguesa.

segunda-feira, 31 de outubro de 2016

• No need to pimp my ride...

Já está de bom tamanho assim como é.

A minha vidinha corre sobre rodas. Literalmente. Isto no campo profissional. Chegarei algum dia destes a estar "ready for her"?...

Ah, se ela pudesse me ver no meu dia-a-dia... Mais feliz só se fosse a voltar todas as noites para esse ninho onde poderíamos os dois viver um dia. Cá ou lá.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

• Ainda mais devaneios...

Por vezes pergunto-me o que ainda ando a fazer neste planeta e, sobretudo, neste pequeno país-jardim-à-beira-mar-plantado…

Não tenho sido solicitado p’ra nada ou quase nada. Não me sinto a ajudar em nada ou quase nada a toda-poderosa economia nacional no seu mais que almejado crescimento, que se quer bem pujante. E o que eu mais desejaria até era viver na “clandestinidade”, na chamada economia paralela…

Neste passado mês de Agosto querido, apenas fiz um serviço de transfer, que me ocupou umas escassas três a quatro horas. Mas, numa première para moi, executado envolvendo a condução duma viatura toda catita: uma Mercedes-Benz Viano, de cor preta - muito preta, mesmo preta, preta, e com vidros fumados e tudo - com caixa automática. Isto num único dia, o 22.

Era mesmo isto o que eu queria fazer todos os santos dias!… É que me sinto mesmo bem na pele daquele que conduz outros ao seu destino, com todo o conforto e apoio humano. E com estilo!…  ;-)

O que eu adoraria mesmo era fazer de todas as estradas do velho continente europeu o meu escritório. Portugal e Espanha são já territórios algo repisados por mim. Os private tours que eu gostaria de conceber e realizar têm de ter limites mais vastos.

Contudo, numa outra área e nos últimos dois dias do mês, lá me caiu do céu também fazer dois dias de trabalho de figuração. E foi uma coisinha deveras divertida!…

Porque foi algo diferente. Não para uma telenovela da SIC ou TVI, mas antes para uma série da RTP1. E de época, como é costume catalogar as séries históricas. Remontando ao ano de 1547. Num cenário inusitado, o Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, ilustrado na foto no topo deste post. O que é sempre muito fixe!...

Incarnei na pele e na peculiar indumentária dum assim denominado “funcionário da Marinha” - como se pode admirar na foto aqui ao lado -, ao que parece frequentador duma espelunca intitulada “Taberna do Galego”, na série “Ministério do Tempo”. Onde o grande vate Luís Vaz de Camões, com quem contracenei, seria também assíduo...

Diz-se que disse - porque há aqui um certo secretismo que nem sequer me deveria permitir falar sobre estas filmagens aqui online neste blog - que será uma adaptação da excelente série espanhola “El Ministerio del Tiempo”, da RTVE…

A RTP não faz nem quer fazer ainda qualquer divulgação prévia desta sua nova série, não bem como o faz com todas as outras a estrear. A ver vamos porquê…

Já me deu em dias umas venetas de recusar todo e qualquer trabalho de figuração. Estou cansado de fazer as costumeiras molhadas ou simples passagens em fundo de cenário. Cansado de ser apenas um adereço móvel. Um bibelot ambulante. Quero mais.

E creio bem que até mereço mais. Tenho feito figuração quase como se de um hobby se tratasse. Mas acho que levava jeito para ser mesmo actor, nem que fosse apenas secundário.

Talvez se eu tiver a fortuna de encontrar um agente ou, ao menos, um belo dum mecenas… Até o fazia a título gratuito ou voluntário. Mesmo se persistisse tão-só como figurante. Porque já me dá um gozo incrível entrar em lugares a que dificilmente teria livre acesso, doutra forma, como este forte ou o Palácio do Correio-Mor, em Loures.

Foi o caso neste último lugar, em que ademais tive de me ataviar com uma fatiota toda janota, que me fazia assemelhar a um vampiro. Episódio já relatado noutro blog meu, neste post que pode ser lido clicando aqui. Vide a bela da foto acima…

Calhou-me também uma vez neste métier bizarro vestir a bata dum cirurgião, algo que nunca por vocação ou gosto o faria vez nenhuma!… Mexer em vísceras e figadeiras não é nada mesmo a minha praia!...

Um facto curioso deu-se nesta ocasião: uma das figurantes que contracenava comigo como médica no bloco operatório era na vida real finalista dum curso de Medicina. O que a tornou instantaneamente a melhor consultora da equipa de produção para os pequenos detalhes a que estes deveriam atender, de modo a dar à coisa o máximo de autenticidade.

Isto foi para a telenovela “A Impostora”, da TVI. Uma vez mais, vide foto ao lado, uma selfie num qualquer wc do complexo dos estúdios da Plural na Quinta dos Mellos, em Bucelas.

Outra selfie tirei também - mostrada aqui ao lado - noutra ocasião nos mesmos estúdios, quando uma vez mais incarnei um personagem supostamente da alta burguesia local de Santa Bárbara, na telenovela da TVI com o mesmo nome… Isto no beberete da inauguração do luxuoso hotel daquela ilustre urbe.

Ironicamente na vida real sou um teso, um zé-ninguém sin plata, um homem vazio que só tem a si mesmo e ao seu tempo como oferta a dar aos outros. E na ficção vivo de forma abastada, ao menos na aparência. 

Vidas!… Um dia, oxalá, a ficção passa a ser realidade. O mote que me vai fazendo viver é: "Nada é impossível". O pior é que o contrário também pode acontecer.

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

• 7º aniversário

Sete. Sete longos anos a converter pensamentos para a forma escrita, com uma persistência regular.

Sete anos a conservar palavras ditas no ciberespaço. Sem saber se se está a fazer a coisa certa. Mas continuando sempre a navegar em solitário. Sempre sem avistar sequer ao longe a terra prometida.

Compreendo hoje a angústia de Cristovão Colombo no alto mar…

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

• Mais devaneios

Anteontem, um sábado e penúltimo dia do mês de Julho mais quente dos últimos trinta e tal anos - dizem por aí os que estudam dados estatísticos meteorológicas… -, acordei às 5 da manhã. 

Isto para tentar estar às 7 horas no Campo Grande, em Lisboa. Para chegar ás 8 aos estúdios da Plural na Quinta dos Melos, em Bucelas. Para ficar sem fazer nada, consumindo todas as horas da minha vida nesse dia à espera que batessem as 18 horas.

Foi por essa altura desse sábado deste quente estio que finalmente entrei num décor de gravação dum episódio da 3ª temporada da telenovela “A Única Mulher”. E gravei uma única cena em que participo durante uns 4 a 5 segundos.

Foi nisto que se esfumaram as horas deste dia da minha vã existência neste planeta e neste país onde nasci. Ingloriamente. Ou talvez não…

Muitos outros colegas de ofício também tiveram as horas do seu dia a esfumarem-se ali, naquela missão conjunta que tínhamos de produzir todos juntos minutos de entretenimento televisivo.

Com foi o caso do José Wallenstein, a quem tive de fingir dar um bacalhau e dizer-lhe “Esteja descansado.”, trajado de gato pingado. Abandonando de seguida o palco, afim deste encetar um diálogo com o Paulo Pires.

Horas e horas de tanta vida humana, gastas a fabricar escassos minutos do tal entretenimento… A segunda parte do Panem et Circenses que nos vão despejando em cima, cuidando que deste serviço carecemos todos. 

Tudo isto para assistirmos na pantalha lá de casa, mesclado com as reportagens especiais de última hora dos diversos atentados terroristas e demais actos desesperados da estupidez humana, que entretanto nestes meses quentes da silly season do mundo ocidental foram acontecendo.

Involuntariamente, ao serão e no lar, doce lar, na companhia da minha filhota, dei por mim a rever o resultado do árduo trabalho a que nos dedicamos, eu e os meus colegas. Ou seja, assisti ao episódio dessa noite da mesma telenovela para a qual tinha estado em estúdio a gravar uns tais 5 segundos.

E reflecti nisto… Apesar de todo o profissionalismo, afinco e dedicação às artes de representar e de filmar, de toda uma multidão de recursos humanos, o tal resultado é… medíocre.

E nem podia ser doutra maneira. Quando se concebe um guião para uma telenovela, não se pode esperar um “Guerra e Paz”. Não há tempo. Tem de ser em cima do joelho. E nem os argumentistas são alguns Lev Nikolayevich Tolstoi. O que é preciso é encher chouriços, com competência q.b..

Mas se as boas das criaturas que escrevem guiões não serão grandes espingardas, já o mesmo não direi dos actores e equipas técnicas que os têm de seguir. Esses são supra-sumos. E mereciam melhor. Muito melhor. Mas sujeitam-se a ter de fazer estas coisas para ganhar a vidinha. E nos entrementes fazem um filme de culto ou outro. Ou uma peça de teatro de curta temporada.

Até mesmo moi acho que merecia melhor!.. Se oportunidades maiores surgirem. Não será a fazer estes biscates que deixarei a minha marca neste mundo. Mas pode ser que a deixe a escrever sobre estas desventuras. Quem sabe…
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Nota: Em modos de ponto da situação, e para registo neste meu “diz que é uma espécie de diário”, tem sido esta a única actividade a que me tenho dedicado desde o Magic Mystery Tour, que terminou em fins de Junho. 

Para além do que já aqui relatei, lá fui aumentando a contabilidade das séries e telenovelas portuguesas em que participei para treze, com esta nova “Amor Maior”, da SIC. E voltei a entrar num episódio da série tv francesa “Une Famille Formidable”, do canal generalista TF1, gravado aqui na Olissipo, como já no verão passado aconteceu. Desta vez foi no Bairro Alto, no Café Luso, esse templo do fado lisboeta.

Mas urge deitar a escada para tentar outros desafios mais altos. Melhor, urge dar um sentido bem maior a esta minha existência.

terça-feira, 12 de julho de 2016

• Devaneios

Fase parada, esta que atravesso, depois do Magical Mystery Tour que fiz no mês passado…

Queria continuar a fazer mais do mesmo: tours privados, tailor-made ou à medida do cliente. Ou com carta branca para definir percursos ao sabor da inspiração do momento. Que foi um pouco do modo como este último tour decorreu.

Por outro lado, continuo também a querer acarinhar a ideia de negócio da SportAnima. Deve haver uma forma de poder conciliar estas duas actividades. A de tours turísticos e a animação turística de vertente desportiva desta aqui citada ideia.

Entretanto, enquanto não encontro um ovo de Colombo, distraí-me a conceber a decoração exterior das vans que poderão um dia radioso servir de ferramenta para essa empresa a criar.

Em cima temos o tipo de van para o transporte de até oito passageiros, com o logotipo da SportAnima colocado nas portas laterais e frontais. 

Ao lado, temos outra van, esta para o transporte de material desportivo, tal como mesa de ping-pong - não aprecio usar esta expressão, mas é para não usar “ténis de mesa” e repetir este último vocábulo… -, alvos de tiro com arco, equipamento de esgrima e kendo, máquinas lança-bolas para treino intensivo de tennis, equipamentos de atletismo, bicicletas de estrada ou btt, etc..

domingo, 26 de junho de 2016

• The Magical Mystery Tour

Deixem-me cá recordar por palavras por onde é que nós andámos…

Então foi assim: saímos da minha casa já depois do meio-dia, num Fiat 500 branquinho de que tínhamos acabado de tomar posse, apontando eu chegar antes do anoitecer ao Piodão. Pela estrada pequena. Pois, pois…

Passámos o Tejo pela ponte Vasco da Gama. Rodámos ao lado da albufeira de Montargil. Até que nos deu para parar no castelo de Abrantes. Por acaso assim aconteceu.

Alongámo-nos o tempo suficiente para admirar o horizonte e ala para a Sertã, a segunda paragem. Procurei pela dita que existiu um dia em formato gigante naquele jardim junto ao rio. Em vão.

O tempo piorou. A chuva resolveu abençoar a nossa jornada, que tinha começado com um sol radioso na capital. No Poço Corga, perto de Castanheiro de Pêra, ainda tentámos saciar uma fome que nos assaltou. Mas o lugar estava deserto de visitantes áquela hora. E como eu não gosto de comer numa sala vazia, adelante!…

A serra da Lousã mostrou-se então um obstáculo demorado de ultrapassar. E a chuva intensificava-se. De modos que jantámos por aquela terra singela que dá o nome ás montanhas e dormimos na sua Pousada da Juventude. Mesmo à altura das nossas necessidades.

Manhã cedo, sempre com chuvinha, rumámos finalmente a esse mítico destino, a aldeia do Piodão. Cuja rusticidade não desapontou. Onde de resto dei um valente malho num caminho de pé posto que nos guiava para umas hortas. Mas isso não impediu que ainda fizéssemos uma de Indiana Jones na ponte suspensa sobre a ribeira na “minha” Foz d’Égua.

A coisa mais parecida com um lugar para almoçar mais baratinho naquelas paragens foi um bar em Avô. Pertença de um casal de holandeses ainda novinhos.

Já que estávamos nas redondezas, tentou-se uma visita ao belo Palace Hotel do Bussaco. Mas tive relutância em ter de pagar por atravessar a Mata Nacional de carro. E desisti.

Neste segundo dia não nos pudemos queixar de falta de água a cair do céu. Que foi sendo cada vez mais à medida que nos íamos aproximando da Invicta. Com alguma felicidade lá encontrámos alojamento num curioso hotel de charme, o Castelo de Santa Catarina, na famosa rua do mesmo nome.

Lindo, mesmo lindo de todo, foi tomar o petit dèje num salão nobre daquela mansão típica da alta burguesia tripeira. Não só a minha saloíce se quedou embasbacada com a decoração interior faustosa. Outros viajantes doutras paragens mais habituados a luxos também tinham seus olhares de espanto.

Manhãzinha dedicada a uma voltinha a pé pelo centro do Porto - má onda, a Livraria Lello com a sua fachada entaipada para obras… - e no Fiat até ao Castelo do Queijo - visita disponível quando o guardião da coisa lhe dá na plebeia telha, a partir das 13h - e Rotunda da Boavista, com a sua Casa da Música.

Pela tardinha abalou-se no intuito de cruzar a fronteira. Destino do lado de lá: Salamanca. IP5 transformado em autoestrada. Com portagens electrónicas. Sacanagem!…

Mais difícil encontrar onde pernoitar em Espanha, sobretudo se se quiser algo central, p’ró barato e com lugar para el coche… Facto que levou á primeira séria desavença entre os viajantes. Momento absolutamente a esquecer.

Ânimos apaziguados pelo meio da manhã seguinte num tour a pé pelo casco viejo. Plaza Mayor e Catedral de Salamanca, como pontos obrigatórios. Inevitável a lusitana sensação de pequenez perante as dimensões da histórica arquitectura e da sua boa conservação.

Atacou-se a carretera para Madrid pouco depois do meio-dia. O que nos permitiu uma paragem mais demorada nas muralhas de Ávila. Aprazível, a travessia da Sierra de Guadarrama. E a chegada à confusão da grande metrópole ibérica bem antes do pôr do sol.

Confusão essa de que se resolveu fugir passado pouco mais de uma hora rodando por ruas caóticas. Onde além do mais era praticamente impossível estacionar.

Toledo pareceu-me um bom plano B. Pura ilusão!… Não dá para contar com a nossa sorte para se encontrar um quartinho num hostal naquela imponente ciudad. Ainda mais sexta à noite!… 

Com a ajuda do Booking.com lá ficámos no hostal Centro, bem perto do Alcázar. Habitación barata mas que implicou uma surpresa bem desagradável com o nosso carro. Lição aprendida a duras custas. Em Espanha não dá para ser um turista amador. Tem de se conhecer mesmo muito bem como fazer as coisas.

Mais um tour a pé matinal por um casco viejo e outra abalada pela tardinha. Passando num ponto que me é familiar, o Centro Comercial Luz del Tajo para abastecer. Antes de rumar de volta a Portugal sem mais demoras.

Hesitei entre três possíveis passagens da fronteira: Monfortinho, Segura ou Marvão. A primeira era-me desconhecida. A segunda tive receio de mais alguma surpresa, não fosse a ponte romana de Alcantara estar fechada à travessia por carros. A terceira pareceu-me a menos arriscada. E por esta fomos. Em boa hora.

Em Marvão, por flagrante contraste com a árdua experiência anterior em Toledo, foi chegar, ver e vencer. 

Foi descobrir num instante a Casa da Árvore, bater à porta e abancar. Com estacionamento fácil junto a esta casa de hóspedes de alojamento local mas com os mesmos mimos de um bom hotel. Isto sem falar ainda na nobreza do edifício antigo, na magnífica vista a cerca de 800 mts. de altitude dominando a meseta espanhola e a planície alentejana, na absoluta tranquilidade do local e na inexcedível simpatia do sr. Joaquim Manuel e sua esposa, uma boa expert em chás.

Finalmente a promessa do espectáculo dum pôr do sol foi cumprida a dois com real prazer. E prazeiroso foi também um jantar de potato chips caseiras regado a sidra das Astúrias, sentados no chão de pedra duma varanda, olhando um céu cheio de estrelas.

Prazer que continuou uma vez mais presente na manhã seguinte, na segunda volta a pé pelas muralhas de Marvão e pelos nossos pézinhos refrescados nas águas da praia fluvial do rio Sever, na Portagem, ali bem perto, bem cá em baixo.

Publiquei em tempos um post sobre praias fluviais que tem sido, sobretudo quando o estio debuta, dos mais lidos neste blog. Mas como vemos estas praias em Portugal quase todas na região centro, à da Portagem escapou-se-me qualquer referência. E nem vejo que seja ainda também muito referida em guias turísticos online

Melhor assim, talvez. Um segredo que continuará quase só meu, das gentes de Marvão e de uma mão cheia de bravos espanholitos que atravessam a fronteira só para lá se banharem.

Isto é mesmo um pequeno paraíso perdido. Se me fosse possível escolher assim, era já aqui em Marvão e nesta mui acolhedora Casa da Árvore que eu queria ficar a viver por um largo período de tempo, ou quiçá até ao fim dos meus dias.

Creio que haverá porventura neste mundo algo melhor para este desiderato. Mas eu ainda não o conheço.

A realidade clamou no entanto por ocupar o lugar do sonho na minha mente. Inadiável regresso a Lisboa se impunha. Não sem antes passar por Évora, para a obrigatória visita à creepy Capela dos Ossos.

Queria fazer a estrada via Estremoz. Mas a minha orientação traiu-me e quando estava perto de Gavião, para não adiar muito a restauração de forças e ânimos, tive de parquear à beira dum café no largo donde partem os autocarros, quais shuttles que tiram os locais daquele buraco para fora. Repasto um pouco surpreendentemente bem agradável, este…

Lá se alcançou antes das 18 horas Évora por uma rota que cruzou Ponte de Sor, Avis, Pavia e Arraiolos. Com um ligeiro stop, tipo touch and go, no Oásis Parque de Galveias

E depois do Templo de Diana, a trivial estrada nacional rumo à capital, travessia do Tejo em Vila Franca de Xira. Chegada à zona oriental de Lisboa, à torre Vasco da Gama, ainda ao lusco-fusco.

E assim foi.

Lisboa - Piodão - Porto - Salamanca - Ávila - Toledo - Marvão - Évora - Lisboa. Um curioso Magical Mystery Tour. Uma amostra interessante, algo concentrada no tempo e no espaço, de salpicos da Península Ibérica. Quisera eu repetir um dia este tour - várias vezes até, se fora dum modo profissional -, talvez mesmo em versão enlarged ou extended, porque não?...  ;-)

quinta-feira, 12 de maio de 2016

• A Hologram for the King - o filme

Assisti ontem a este filme, com o título original “A Hologram for the King”. Estive quase a me desinteressar de o ir ver, um pouco por causa do título* que a distribuidora deste filme resolveu dar-lhe para o mercado português… E por pensar que era apenas aquilo a que eu chamo de mais um filme “americanalhado”.

Não é. Deve ser até um filme “meio-independente”. Feito por uma produtora pequerrucha**, a Playtone, do próprio Tom Hanks, o actor principal, um dos que está no meu personal top com um ranking dos mais elevados de todos.

Curioso que foi o último filme de uma trilogia de idas ao nimas que fiz, assim de rajada, um dia após o outro. Depois de muitos meses seguidos sem ter podido ter esse passatempo.

O primeiro filme desta trilogia - criteriosamente seleccionada, devido a esse meu longo afastamento das salas de cinema - foi o “Time Out of Mind” - no nosso mercado luso escolheram põr-lhe o título “Viver à Margem” -, com o Richard Gere a interpretar um sem-abrigo nessa grande metrópole norte-americana, New York. Sobre o qual um outro dia discorrerei no meu blog Cidadania Rasca.

O segundo e do meio foi o “Kishibe no Tabi”, do realizador japonês Kiyoshi Kurosawa. “Rumo à Outra Margem” foi como entenderam - e neste caso bem qb - intitulá-lo cá neste burgo, à semelhança do título escolhido em França, “Vers l’Autre Rive”; ou o título da versão internacional em inglês, “Journey to the Shore”. Filme este que será assunto de um outro post no meu blog Giuseppe Pietrini a presidente. Um blog tornado privado, desde o início deste corrente ano.

Voltando à vaca fria, ao nosso “A Hologram for the King”, tenho a dizer que me revi neste filme. Como nos outros dois também um pouco, de resto. E por isso me quedo contente por tê-los escolhido a todos os três tão benzinho.

Tom Hanks faz o papel de um yankee pai divorciado, quase no final de uma carreira profissional que não foi apenas de sucessos, para dizer o mínimo. A quem é oferecida mais uma oportunidade de alcançar esse tal bendito ou maldito sucesso, num negócio a firmar-se entre uma multinacional norte-americana da área das tecnologias de informação e o Reino da Arábia Saudita.

“Isto são vendas. Fazemos planeamentos e previsões e depois vamos para o terreno e tudo é diferente. Mas a venda faz-se na mesma.” - diz sabiamente Alan Clay, a personagem que Tom Hanks interpreta.

Desta vez, no entanto, não. O negócio não se concretiza. O contrato vai para os chineses e não para os americanos. Metáfora dos tempos da actual economia global. Espelho do actual estado de espírito dos USA face à ameaça de perda de domínio para o perigo amarelo.

Em redor disto, um acervo de costumeiros choques culturais bem explorado neste filme. Divertido sem ser demasiado evidente.

Uma delícia rever Sarita Choudhury, largos anos após ter feito o filme “Kama Sutra”. E o sublime Yousef - motorista, guia, herói - papel mesmo a matar desempenhado por Alexander Black, também faz valer bem a pena os aérios que se vão na compra do bilhete.

E o melhor é que no fim Alan Clay soube dar ou teve a fortuna de dar a volta por cima. Na sua carreira de homem de negócios e na vida sentimental. Um happy ending bem conseguido e mesmo feliz. Daqueles que nos fazem voltar a ir ao cinema outra vez.

Daqueles que nos dão esperanças renovadas num futuro risonho para cada um de nós.

Mas que também nos devem fazer pensar no que andamos todos cá a fazer neste mundo. E se vale a pena tanta correria, no fim de contas. Se não será melhor aquela minha atitude - que se me entranhou ao longo destes últimos anos - do “keep it simple”.

Bom, mas isto sou eu, que me posso dar a esse luxo de não me deixar chatear muito com o dia-a-dia.

Entrei na sala de cinema com o dia a apresentar-se chuvoso e cinzentão. Saí com um belo fim de tarde solarengo no aprazível Parque das Nações, essa moderna Ulisseia.
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* “Negócio das Arábias”. Foi desta forma saloia que melhor julgaram dar nome a este filme aqui na Tugalândia. Ok, compreendo, “Um Holograma para o Rei” era capaz de ser menos apelativo para os boçais locais…

** Vide o website desta produtora, clicando aqui. Uma coisinha tão mixuruca!… Já não se faziam páginas web assim deste o tempo do NCSA Mosaic.

terça-feira, 26 de abril de 2016

• RentAFriend.com

Mais uma nova aventura profissional nesta minha existência ímpar: desde meados do passado mês de Março que me estreei a fazer tours. Os mesmos tours que todas as agências que se movimentam neste mercado do Turismo de Lisboa fazem: Sintra/Cascais, Fátima, Templários, Évora, Arrábida e o Lisbon city tour.

O facto de toda a gente oferecer os mesmíssimos produtos dá-me forçosamente vontade de coçar a cachimónia… Porque estou sempre a tentar ver se existe alguma notável margem de progressão em qualquer serviço que se preste. E aqui há, sem dúvida.

O turista cliente deste tipo de tours que eu faço vai começar a pedir mais e melhor, de futuro. Eu cá pediria! E a pagar por ter um serviço nos moldes com que eu o tenho de prestar, eu não me importaria de pagar um pouco mais e ter sempre aquilo a que se vulgarmente  se chama de private tours. No mínimo!…

Eu já tinha criado desde antes desta minha recentíssima actividade profissional um perfil no portal RentAFriend.com. Oxalá este me venha a proporcionar fazer mais alguns - ou melhor dito, sobretudo - desses tais private tours.

Ou este portal ou algumas das outras agências que oferecem tours ao turista/visitante de Lisboa. Espécimen que não pára de crescer em número, ultimamente. Tanto que dá a ilusão que este mercado ainda não está saturado de tantos agentes que nele actuam. Mas deve estar a ficar em breve. Definitively.

Espero só que outros mercados ainda não tenham atingido o mesmo estado de saturação. Digo, no turismo de outros destinos city breaks. Como o da minha querida Tallinn, capital da Estónia e antiga cidade hanseática, exemplarmente preservada no seu casco viejo.

E onde existe uma curiosa agência, a EstAdventures, fundada não por um local mas por um cidadão australiano.

segunda-feira, 28 de março de 2016

• A ideia mais peregrina

Ser feliz. Eis aquela que é a ideia mais peregrina de todas.

A mim lá me vão acontecendo milagres de quando em vez. Foi o caso do que me sucedeu no início do passado outono. Mas infelizmente eu não estava preparado…

Agora, após um longo inverno do meu descontentamento e desilusão, um novo milagre desceu sobre mim. Ainda não é “aquele” grande milagre. Mas já é de dimensão suficiente q.b.. 

Dá é muito trabalho!… Dá e espero que continue a dar. Mas foi justamente aquilo que eu pedi aos anjos. The so called "energy of money”, tal como ela, a minha "imetegija haldjas"*, um belo dia falou.

Quem inventou o celebérrimo ditado que proclama que o dinheiro não traz felicidade referia-se com toda a certeza quando o pilim é em larga escala. E a sua abundância cai do céu sem se derramar qualquer suor. 

Sorte diversa já é quando não se tem nem umas moeditas para tomar um café e de repente se consegue converter o tempo que se tem de sobra em alguns valentes dobrões, assim de chofre. Nem imaginais a felicidade que daí pode decorrer, meus leitores!…

Tenho sido de facto um protegido dos anjos, graças aos seus patrões, os deuses todos. Em toda a minha vida. E em breve creio que estarei pronto. Para ser feliz, mais uma vez. Oxalá não seja tarde demais.
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* Fada milagreira, em estoniano.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

• Tem de haver outra saída…

"A 'why' is a dangerous thing... It challenges old,
comfortable ways, forces people to think about that they do
nstead of just mindlessly doing it. (Haplo)...
I think the danger is not so much in asking the 'why' as in
believing you have come up with the only answer. (Alfred)"
 - Margaret Weis

É só uma cenoura. Ao fim do dia, se chegares onde eles querem que tu chegues, talvez eles a dêem a ti. Amanhã, se eles precisarem de ti de novo ou se foste até bem longe hoje, hão-de colocar outra cenoura à frente dos teus olhos.

Talvez devesses, no entanto, parar para pensar um pouco…

Porque raio queres afinal a cenoura? Vale assim tanto a pena? Andares atrás dessa cenoura não será que te distrai de outros objectivos que também, sobretudo ou ao invés deverias antes perseguir? É mesmo isto que queres para ti?

Vem esta minha filosofia de vão de escada que me assalta neste momento o meu pensamento a propósito disto... 

Quando a vida me apresenta aquelas modernas formas de ganhar dinheiro - o dinheiro que é inevitavelmente necessário para sustentar essa mesma vida - que andam desgraçadamente tão em voga hoje em dia, regra geral eu penso que… 

Tem forçosamente de haver outras formas melhores de se ganhar a vida. Tem mesmo de haver!… Senão, estamos todos perdidos.

Bom, isto pode ser um problema só meu... Mas há certas cenouras que comigo não funcionam. Não me fazem mover. Não os músculos mas os neurónios sim. Isto fazendo fé que estes últimos ainda se vão estrebuchando de quando em vez, claro...

E no entanto são tão atraentes para tantos outros seres humanos. Até para aqueles cuja inteligência prezo. Que vão sendo cada vez mais raros. Lá está, é um problema exclusivamente cá do rapaz, sem dúvida... Passe o sarcasmo.  ;-)


sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

• Atrofiando por aí...

Pois é!… Assim sigo nesta vidinha, atrofiando por aí. A maior parte do tempo sem ocupação válida que permita que esta existência terrena possa se tornar sustentável. E com cada vez mais entraves a essa sustentabilidade.

Mas nos entretanto, enquanto posso e me vão dando algumas oportunidades, lá vou fazendo uma perninha na ficção. 

E este semana que finda aumentei uma contabilidade que andava muito estática. A das séries e telenovelas nacionais em que participei ao menos uma vez. Da dezena para uma dúzia.

Até à semana passada tinha feito só repetecos de quatro telenovelas já muito batidas por mim. A saber:
  • Poderosas”, da SIC, onde vesti o fato-macaco, literalmente, fingindo duplamente ser um pintor de reparações caseiras;
  • Coração d’Ouro”, da SIC, onde uma vez mais adentrei num décor luxuoso no Palácio do Correio-Mor em Loures; 
  • Santa Bárbara”, da TVI, como cliente do hotel "5 estrelas" daquela bacoca paróquia;
  • A Ùnica Mulher”, da TVI, na reunião em que se concretiza a venda da construtora Venâncio, SGPS de novo ao seu antigo dono, o careca do Sacramento. Onde fiz questão de usar aquilo a que eu chamo da minha gravata "da provocação".
E para qualquer uma destas quatro telenovelas deve ter sido a última vez que nestas contracenei. A ver vamos.

Agora quanto ao presente, na passada segunda-feira, no AlfraPark, um complexo de escritórios em Alfragide, nessa suburbana Amadora, gravei para uma série de comédia política, de seu título “Os Boys”. Produzida pela Take It Easy para a RTP. A começar a ser transmitida não antes de Março ou Abril, provavelmente. Onde participo de uma molhada de jornalistas, estando eu "armado" com uma câmera fotográfica de rolo, uma relíquia!... Uma das poucas ocasiões ultimamente em que não me apresento engravatado…

Bem, mas dois dias depois, lá trajei com o meu costumeiro fatinho de boda domingueira e a gravata de novo! Nos estúdios da Plural, na Quinta dos Melos, em Bucelas, Loures, gravei como cliente do restaurante de luxo Lisbon Shine. Que é assim como que a fingir que é no Espelho d’Água, em Belém. Para a novel telenovela da TVI, “A Impostora”.

Que se diz por aí que se calhar vai ser a primeira em Portugal a ser exibida na pantalla com todos os seus episódios já gravados, lá mais para Setembro.

Isto tudo assim contado pode parecer muito mas não é, de facto. E ainda não me dá qualquer fama e menos ainda proveito. E nem sei se alguma vez ao menos alguma coisita me renderá todas as horas destes dias que fui nisto gastando. 

Espero bem que sim, que se dê um milagre um dia destes. Paciência oriental nessa espera não me vai ainda faltando. Mas cá o rapaz está mesmo a atrofiar… Só que… Há que cumprir com o karma que cada um de nós faz por merecer.

Escrevo estas linhas numa pachorrenta tarde chuvosa de sexta-feira. Dizem as raríssimas almas que os meus blogs já leram em tempos que nos meus textos se revelam competências de algum valor. Que luz em mim algum talento. Mas tudo isso é muito invisível para o mundo. Ainda...

Já pergunto muitas vezes aos meus botões... No fim de contas que raio de competências e talento terei, afinal?… Às tantas só ando a iludir-me e nada de nada terei. E por isso atrofio.

Mas por outro lado, trabalhar esporadicamente na ficção televisiva aporta-me tempo livre que me sobra em barda. E que me permite que observe a raça humana ao meu redor.

E verdadeiramente atrofiado constato que anda por aí muito boa alma que não tem a boa ventura de usufruir da liberdade que a mim, a bem ou a mal, me vai assistindo. Porque não estou absorto em nenhuma importante missão nem em nenhum emprego degenerativo do espírito. Estou só ocupado com sobreviver, minimalisticamente.