quinta-feira, 12 de maio de 2016

• A Hologram for the King - o filme

Assisti ontem a este filme, com o título original “A Hologram for the King”. Estive quase a me desinteressar de o ir ver, um pouco por causa do título* que a distribuidora deste filme resolveu dar-lhe para o mercado português… E por pensar que era apenas aquilo a que eu chamo de mais um filme “americanalhado”.

Não é. Deve ser até um filme “meio-independente”. Feito por uma produtora pequerrucha**, a Playtone, do próprio Tom Hanks, o actor principal, um dos que está no meu personal top com um ranking dos mais elevados de todos.

Curioso que foi o último filme de uma trilogia de idas ao nimas que fiz, assim de rajada, um dia após o outro. Depois de muitos meses seguidos sem ter podido ter esse passatempo.

O primeiro filme desta trilogia - criteriosamente seleccionada, devido a esse meu longo afastamento das salas de cinema - foi o “Time Out of Mind” - no nosso mercado luso escolheram põr-lhe o título “Viver à Margem” -, com o Richard Gere a interpretar um sem-abrigo nessa grande metrópole norte-americana, New York. Sobre o qual um outro dia discorrerei no meu blog Cidadania Rasca.

O segundo e do meio foi o “Kishibe no Tabi”, do realizador japonês Kiyoshi Kurosawa. “Rumo à Outra Margem” foi como entenderam - e neste caso bem qb - intitulá-lo cá neste burgo, à semelhança do título escolhido em França, “Vers l’Autre Rive”; ou o título da versão internacional em inglês, “Journey to the Shore”. Filme este que será assunto de um outro post no meu blog Giuseppe Pietrini a presidente. Um blog tornado privado, desde o início deste corrente ano.

Voltando à vaca fria, ao nosso “A Hologram for the King”, tenho a dizer que me revi neste filme. Como nos outros dois também um pouco, de resto. E por isso me quedo contente por tê-los escolhido a todos os três tão benzinho.

Tom Hanks faz o papel de um yankee pai divorciado, quase no final de uma carreira profissional que não foi apenas de sucessos, para dizer o mínimo. A quem é oferecida mais uma oportunidade de alcançar esse tal bendito ou maldito sucesso, num negócio a firmar-se entre uma multinacional norte-americana da área das tecnologias de informação e o Reino da Arábia Saudita.

“Isto são vendas. Fazemos planeamentos e previsões e depois vamos para o terreno e tudo é diferente. Mas a venda faz-se na mesma.” - diz sabiamente Alan Clay, a personagem que Tom Hanks interpreta.

Desta vez, no entanto, não. O negócio não se concretiza. O contrato vai para os chineses e não para os americanos. Metáfora dos tempos da actual economia global. Espelho do actual estado de espírito dos USA face à ameaça de perda de domínio para o perigo amarelo.

Em redor disto, um acervo de costumeiros choques culturais bem explorado neste filme. Divertido sem ser demasiado evidente.

Uma delícia rever Sarita Choudhury, largos anos após ter feito o filme “Kama Sutra”. E o sublime Yousef - motorista, guia, herói - papel mesmo a matar desempenhado por Alexander Black, também faz valer bem a pena os aérios que se vão na compra do bilhete.

E o melhor é que no fim Alan Clay soube dar ou teve a fortuna de dar a volta por cima. Na sua carreira de homem de negócios e na vida sentimental. Um happy ending bem conseguido e mesmo feliz. Daqueles que nos fazem voltar a ir ao cinema outra vez.

Daqueles que nos dão esperanças renovadas num futuro risonho para cada um de nós.

Mas que também nos devem fazer pensar no que andamos todos cá a fazer neste mundo. E se vale a pena tanta correria, no fim de contas. Se não será melhor aquela minha atitude - que se me entranhou ao longo destes últimos anos - do “keep it simple”.

Bom, mas isto sou eu, que me posso dar a esse luxo de não me deixar chatear muito com o dia-a-dia.

Entrei na sala de cinema com o dia a apresentar-se chuvoso e cinzentão. Saí com um belo fim de tarde solarengo no aprazível Parque das Nações, essa moderna Ulisseia.
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* “Negócio das Arábias”. Foi desta forma saloia que melhor julgaram dar nome a este filme aqui na Tugalândia. Ok, compreendo, “Um Holograma para o Rei” era capaz de ser menos apelativo para os boçais locais…

** Vide o website desta produtora, clicando aqui. Uma coisinha tão mixuruca!… Já não se faziam páginas web assim deste o tempo do NCSA Mosaic.

2 comentários:

Marta Moura disse...

Nunca tinha ouvido falar!

Giuseppe Pietrini disse...

Bom dia, Marta Moura.

Nunca tinha ouvido falar do quê, concretamente, meu anjo?...

Beijim! ;-)
Giuseppe