segunda-feira, 28 de novembro de 2016

• Places to go before I die - V

Pärnu. A capital de verão da Estónia. A cidade onde ela nasceu e onde viveu a sua infância, imagino eu que dum modo feliz.

Desta feita não há aqui apenas a usual declaração de intenção desta rubrica “Places to go before I die”. Não. No começo do próximo ano de 2017 quero mesmo lá estar. 

Quero lá saber se estará frio p’ra caramba!… Nem vou a contar com que eu e ela nos encontraremos lá. Que teremos a ventura de nos olharmos demoradamente olhos nos olhos, uma vez mais nesta vida. E sobretudo apaixonadamente, como não pode deixar de ser. Com aquela devoção a roçar o sagrado. Falo por mim.

Vou porque quero ir. Vou porque sinto que deve haver algo naquela cidade ou naquele pequeno país, a Estónia, que me espera desde que eu nasci. Desde que vim desta última vez a este mundo.

Se os meus melhores sonhos se cumprirem, quero ficar no Rannahotell. Este hotelzinho, com ares de ter sido construído nos tempos da cortina de ferro, tem qualquer coisa que me atrai nele… Até não me chateava nada de um dia lá trabalhar como Guest Relations, por exemplo.

Deve também haver algo da minha alma que deixei em Tallinn, onde gozei algumas horas felizes no dia do meu 55º aniversário. E aonde quero voltar sem tempo limitado. Oxalá o mercadinho de Natal ainda persista na principal praça do casco viejo de la ciudad quando eu lá chegar…

Deve haver algo em Saaremaa, essa mítica ilha aonde desde há tantos anos* comecei a sonhar lá desembarcar um dia. Ainda lá vou tropeçar em algum achado arqueológico dos povos vikings que aqui também existiram. E diz-se que estes de Saaremaa eram dos mais temidos e valorosos guerreiros vikings, à sua época!…

E não sei ainda porquê, mas pressinto que Kuressaare, a capital da ilha, deve ser um mimo!...

Deve haver algo também em Setomaa, esse pequeno reino de conto de fadas, hoje com o seu território dividido entre a Estónia e a Rússia. Onde uma curiosa antiga etnia, o povo Seto, quer muito preservar o seu modo de vida ancestral, apesar do corrupio do mundo moderno actual. E depois, o meu interesse neste reino de Setomaa foi despertado também quando soube que lá existem mulheres com o nome dela.

E hei-de ainda voltar à Finlândia!… Para azucrinar os finlandeses, mantendo contacto visual com estes e sorrindo na cara deles. Para poder dizer “Kiitos” nos transportes públicos e fazer sentido dizê-lo. Para voltar a repisar os lugares na capital Helsinki que ela me fez descobrir. Como the wooden church. Ou o mercado junto ao porto. Para tornar a ver Lahti e o saudoso lago Vesijãrvi. Para poder escutar de novo suomi pop nas rádios locais. E se calhar, me apetecer e me convidarem, para fazer outra vez sauna, mesmo à séria.

Mais!… Desta vez quero também poder viajar no Allegro, comboio rápido que nos leva de Helsinki até Peteri, que é como lá apelidam a cidade de São Petersburgo, na vizinha Russia. Talvez parando em Imatra, perto da fronteira, ainda do lado finlandês. 

E não devo ficar por aqui!… Mas quando lá estiver, verei.
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* Quando com os meus dezoito anos li um artigo sobre esta ilha na antiga revista “Vida Soviética”, na sua edição em língua portuguesa.

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