Mais um post sobre a BTL 2012 e de algo na região centro de Portugal. Desta vez algo singular: o Museu Natural da Electricidade. Curiosa, a designação "Natural", que não percebo bem o seu sentido, mas enfim…
Tenho formação superior em engenharia electrotécnica, no ramo da energia e sistemas de potência. Tive a desdita de terminar o meu curso universitário e livrar-me da sina de andar apenas a vender lâmpadas ou interruptores. O meu destino em boa hora levou-me a conhecer a maior parte do interior do nosso país, graças a deslocações a muitos e variados locais remotos. Onde havia uma qualquer pequena central hidroeléctrica à beira de um curso de água, mais escondido do mundo que sei lá o quê!...
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Uma turbina Pelton neste museu, com uma
nova envoltura em vidro da roda motriz |
Frequentei também um curso de curta duração sobre arqueologia industrial. O que me tornou mais sensível a esta temática. Tenho paixão por visitar antigos edifícios e instalações que nos recordem os primórdios da vetusta revolução industrial.
Particularmente aquelas centrais que nasceram à beira dos nossos riachozitos e que fizeram com a "luz" que produziam mover máquinas tecedeiras. Porque foi a indústria têxtil aquela que mais impulsionou a utilização desse recurso natural que é a energia potencial duma boa queda de água.
O turismo ligado à arqueologia industrial é algo que nunca será um fenómeno de massas. Mas que é importante fomentar. Uma vez reparei num folheto do organismo estatal do turismo polaco que fazia referência a existir no país de Chopin a central hidroeléctrica mais antiga do mundo, em actividade ainda.
E fiquei com inveja de não termos nada disso em Portugal, que fosse divulgado com aquele destaque e do meu conhecimento. Só me recordo da central de Santa Rita de Golães, que a câmara de Fafe renovou, para a esta serem organizadas visitas de estudo escolares pelos petizada do concelho com que ninguém fanfe.
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Logotipo do novíssimo
Museu Natural da Electrcidade |
Agora temos desde Abril de 2011 - há menos de um ano - este espaço que é o Museu Natural da Electricidade, com um bom aproveitamento do edifício e maquinaria da central da Senhora do Desterro I, em Seia, construída em 1909. Em boa hora. Ao lado desta existe desde há umas dezenas de anos uma nova central, que aproveita a mesma queda de água da central antiga, servida por uma conduta forçada, cujo comprimento e fixação na encosta desta serrania sempre me impressionou.
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A capela da Senhora do Desterro, uma das
cinco existentes em São Romão, Seia |
O local, na freguesia de São Romão, ainda por cima é lindíssimo. Nele existem cinco pequeninas capelas, próximas umas das outras, numa área muito curta, e nas duas margens do rio Alva, ligadas por uma ponte de pedra secular. Muito fresco e verdejante é também este recanto, graças aos carvalhos centenários aí plantados, que constituem a bucólica e encantadora Mata do Desterro. Já foi num dia de canícula estival o meu providencial oásis, mesmo a calhar!...
No anterior post sobre a BTL 2012, do turismo na Pampilhosa da Serra, faltou-me dizer que a câmara local também faz referência a ser possível visitar a central hidroeléctrica do Esteiro, no rio Unhais.
Como passei boa parte do meu percurso profissional de engenharia nesta zona da Serra da Estrela e arrabaldes, não podia deixar de ficar encantado com tudo isto e falar aqui no meu blog. Feito! Ah, e já agora, em todas estas três pequenas centrais aqui referidas, o autor deste blog esteve lá, em tempos idos. Antes de nascer a minha filhota, em Julho de 1993.
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