sábado, 22 de agosto de 2009
• Urbanização "Jardim da Amoreira"
Antes que seja tarde, uma das minhas ideias peregrinas, não talvez a mais destacável, mas provavelmente a mais urgente vai precisamente ser aquela que ficará gravada em primeiro lugar aqui neste papiro virtual.
Vivo no meio do que se está a transformar numa selva de betão, ainda tolerável. Nada que se possa comparar a uma capital como Tokyo ou a Ciudad de México, muito longe de tal. Falo dos arredores da nossa capital, Lisboa. Onde hoje em dia, arremedos tímidos de arranque deste século XXI, temos uma impressão de uma cada vez maior racionalidade no projecto e na execução de novos conjuntos habitacionais. Pelo menos as aglomerações de casas de construção clandestina que pulularam nestas terras para onde antes D. Afonso Henriques terá expulsado os mouros depois da conquista de Lisboa e em que agora o que o faz é a especulação imobiliária parece que pararam de nascer, faz já talvez quase uma vintena de anos.
Hoje o que nasce aqui sobretudo são blocos de apartamentos onde se deslumbra, ás vezes bem ao de leve, mas vá lá ainda assim, os traços de um arquitecto, ente criativo que devia ser mais omnipresente nas obras dos homens. Infelizmente, não o é ainda.
Mas mesmo quando o é, será que teremos garantias das obras serem de facto racionais?
Vamos a um exemplo que me anda persistentemente a descompensar o nervo, o que deixará talvez de acontecer assim que purgar esta impressão que até agora guardei para mim. No concelho de Odivelas, existe um empreendimento denominado "Jardim da Amoreira".
Aonde desenharam uma praça central assaz interessante, que me recorda como que uma praça-templo de adoração ao deus Sol dos simpáticos Incas, vá-se lá saber porquê.
Os prédios que circundam essa praça foram dotados em metade do seu perímetro de uma galeria de lojas em dois níveis: ao nível da rua pedestre que emoldura a praça e num nível superior, numa galeria com varanda, a que só se acede por escadas estreitas, algo discretas mas de desenho elegante. A foto abaixo ilustra esta descrição mostrando cerca de um quarto desta praça.
O que me aflige neste conjunto de lojas é a sensação de que estas foram construidas muito provavelmente porque era um desenho arquitectónico bonito no papel. Mas com uma probabilidade maior de nunca serem ocupadas na sua maioria ou mesmo totalidade com negócios florescentes e duradouros.
O que vai acontecer é que haverá uma ou outra loja que será dedicada a ser um café ou uma papelaria ou de decoração do lar ou um infantário ou um centro de explicações. Que é o que mais surge às cabeças de quem hoje quer abrir o seu próprio negócio.
E se fizéssemos algo diferente? E se desse conjunto de lojas se fizesse um centro comercial temático?
Um dia, ao arrastar os pés pela capital, dei de caras com uma loja da Região de Turismo dos Açores, numa não muito destacada transversal da Av. da República. Uma coisa dedicada aos insulares saudosos das suas origens e àqueles como eu, curiosos com uma costela gourmet indomada. Com produtos da terra do chá Gorreana, do queijo de São Jorge e do divino licor de maracujá.
E se aqui nestas lojas no piso superior da praça central do Jardim da Amoreira se criasse aquilo que passo a designar a priori de Centro Comercial Embaixada das Regiões de Portugal, à falta de mais apurada imaginação? Onde para além dos Açores, outras regiões portuguesas - todas seria o ideal - poderiam estar representadas e divulgar os seus produtos de excelência? E não só os seus produtos como a disponibilidade das camas para os viajantes que as quisessem demandar, despertada ali a curiosidade deles? Onde duma forma temporária e rotativa se poderiam ter também representações convidadas de regiões de turismo estrangeiras?
Será que o sucesso desta iniciativa seria tão menor do que o de mais um café das redondezas? Lojas a abrir e a fechar pouco depois entristecem-me sobremaneira. E tenho cada vez mais exemplos disso a acontecer, sobretudo entre aquelas que me cativaram mais assim que surgiram. Se calhar não serei bom visionário, só sei apreciar aquilo que parece de um modo geral não ter futuro assegurado com sucesso.
Mas se tivesse os dobrões para arriscar dar vida a esta ideia, fazia-o.
Vivo no meio do que se está a transformar numa selva de betão, ainda tolerável. Nada que se possa comparar a uma capital como Tokyo ou a Ciudad de México, muito longe de tal. Falo dos arredores da nossa capital, Lisboa. Onde hoje em dia, arremedos tímidos de arranque deste século XXI, temos uma impressão de uma cada vez maior racionalidade no projecto e na execução de novos conjuntos habitacionais. Pelo menos as aglomerações de casas de construção clandestina que pulularam nestas terras para onde antes D. Afonso Henriques terá expulsado os mouros depois da conquista de Lisboa e em que agora o que o faz é a especulação imobiliária parece que pararam de nascer, faz já talvez quase uma vintena de anos.
Hoje o que nasce aqui sobretudo são blocos de apartamentos onde se deslumbra, ás vezes bem ao de leve, mas vá lá ainda assim, os traços de um arquitecto, ente criativo que devia ser mais omnipresente nas obras dos homens. Infelizmente, não o é ainda.
Mas mesmo quando o é, será que teremos garantias das obras serem de facto racionais?
Vamos a um exemplo que me anda persistentemente a descompensar o nervo, o que deixará talvez de acontecer assim que purgar esta impressão que até agora guardei para mim. No concelho de Odivelas, existe um empreendimento denominado "Jardim da Amoreira".
Aonde desenharam uma praça central assaz interessante, que me recorda como que uma praça-templo de adoração ao deus Sol dos simpáticos Incas, vá-se lá saber porquê.
Os prédios que circundam essa praça foram dotados em metade do seu perímetro de uma galeria de lojas em dois níveis: ao nível da rua pedestre que emoldura a praça e num nível superior, numa galeria com varanda, a que só se acede por escadas estreitas, algo discretas mas de desenho elegante. A foto abaixo ilustra esta descrição mostrando cerca de um quarto desta praça.
O que me aflige neste conjunto de lojas é a sensação de que estas foram construidas muito provavelmente porque era um desenho arquitectónico bonito no papel. Mas com uma probabilidade maior de nunca serem ocupadas na sua maioria ou mesmo totalidade com negócios florescentes e duradouros.
O que vai acontecer é que haverá uma ou outra loja que será dedicada a ser um café ou uma papelaria ou de decoração do lar ou um infantário ou um centro de explicações. Que é o que mais surge às cabeças de quem hoje quer abrir o seu próprio negócio.
E se fizéssemos algo diferente? E se desse conjunto de lojas se fizesse um centro comercial temático?
Um dia, ao arrastar os pés pela capital, dei de caras com uma loja da Região de Turismo dos Açores, numa não muito destacada transversal da Av. da República. Uma coisa dedicada aos insulares saudosos das suas origens e àqueles como eu, curiosos com uma costela gourmet indomada. Com produtos da terra do chá Gorreana, do queijo de São Jorge e do divino licor de maracujá.
E se aqui nestas lojas no piso superior da praça central do Jardim da Amoreira se criasse aquilo que passo a designar a priori de Centro Comercial Embaixada das Regiões de Portugal, à falta de mais apurada imaginação? Onde para além dos Açores, outras regiões portuguesas - todas seria o ideal - poderiam estar representadas e divulgar os seus produtos de excelência? E não só os seus produtos como a disponibilidade das camas para os viajantes que as quisessem demandar, despertada ali a curiosidade deles? Onde duma forma temporária e rotativa se poderiam ter também representações convidadas de regiões de turismo estrangeiras?
Será que o sucesso desta iniciativa seria tão menor do que o de mais um café das redondezas? Lojas a abrir e a fechar pouco depois entristecem-me sobremaneira. E tenho cada vez mais exemplos disso a acontecer, sobretudo entre aquelas que me cativaram mais assim que surgiram. Se calhar não serei bom visionário, só sei apreciar aquilo que parece de um modo geral não ter futuro assegurado com sucesso.
Mas se tivesse os dobrões para arriscar dar vida a esta ideia, fazia-o.
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