domingo, 10 de abril de 2011

• In vino veritas

Desde há cerca de um mês, mais ou menos depois do Dia Internacional da Mulher, que por uma questão sentimental tenho desenvolvido um interesse crescente pelo vinho.

Dito isto desta forma, poderá pensar-se que devido a um desgosto de amor tenho vindo a procurar afogar mágoas bebendo até "encher a cara".

Não é o caso. É antes um acontecimento feliz que me ocorreu, o encontro virtual com uma outra alma semelhante à minha, que de sopetão se tornou avassaladoramente importantíssima para mim. E não ando a beber vinho agora a torto e a direito, também não. É só mesmo interesse "científico".

Esta mão amiga de que falo aqui reside na mais importante região vinícola do seu país natal. O que me fez logo despertar a curiosidade para essa realidade socio-económica. E depois também me fez reparar neste artigo do site terra.com.br, com o título "As 10 melhores rotas do vinho pelo mundo".

Neste artigo não foram incluídas quaisquer rotas de vinhos de Portugal ou do Brasil. "Ferpeito", digo eu!...

Ignorar o país vinícola com a região demarcada mais antiga do mundo, o Douro, não está mal... Se fizessem uma lista das melhores marcas de automóveis do mundo, talvez também não incluissem nela a Rolls Royce... porque há automóveis e automóveis... e depois há os Rolls Royce. 

Já uma vez notei também num número hors-série da revista GEO francesa sobre o tema dos vinhos do mundo o esquecimento do nosso país. Devem querer que permaneceramos um segredo bem guardado, só de alguns privilegiados...

Não querendo parecer que só estou a defender a minha "dama", faço notar que também não se menciona neste atigo do Terra a Hungria e o seu magnífico Tokaji, o vinho dos Reis e o Rei dos vinhos. E que deveriam dar algum foco aos vinhos da sua própria nação, que não devem nada aos dos outros países sul-americanos, pelo menos, se não mesmo a qualquer país, ponto final.

Hoje vou aqui mostrar querer mostrar justamente 4 casas vinícolas do Brasil e seus respectivos vinhos. Que me foram sugeridos por aquela que foi a responsável pelo meu súbito e acrescido interesse pelo vinho. Noutra altura mais tarde irei devolver-lhe aqui outras sugestões, dessa feita "caseiras".

Enceto logo por falar dum vinho luso-brasileiro, o Rio Sol, que foi uma descoberta minha do acaso, induzida pela curiosidade sobre pomadas tupiniquins. 

Este vinho é produzido na região do vale de São Francisco, interior do estado de Pernambuco, pela sociedade portuguesa Dão Sul. Tem a particularidade de ser o vinho de difusão mundial produzido mais perto da linha do equador, no paralelo 8. No rótulo da garrafa, o logotipo Rio Sol quer fazer vincar bem essa característica, se se reparar com olhos de ver. A variedade aqui ao lado mostrada é a Rio Sol Winemakers Selection Alicante Bouschet.

Sempre me perguntei porque seria que, tendo os portugueses descoberto a Pindorama, nunca tivessem tido desde o início a vontade de aí plantar vinhedos. Parece que deixaram esse pioneirismo para os emigrantes transalpinos que demandaram em grandes vagas terras de Vera Cruz, primeiro sobretudo no estado de São Paulo, em finais do século XIX.
 
Os portugueses da Dão Sul parecem estar hoje a fazer uma história que deveria ter sido escrita há mais de 400 anos.

Prossigo agora para a presumívelmente mais antiga região vinicola do Brasil, a Serra Gaúcha, no estado do Rio Grande do Sul, e para a zona mais conceituada desta, entre as cidades de Bento Gonçalves e Garibaldi. Para apresentar a excelentíssima Casa Valduga, da "famiglia" do mesmo nome. No site deles, recomendo visitarem a Villa Valduga, complexo muito bem orientado para o enoturismo, com o site e as fotos desse complexo duma extrema qualidade e bom gosto.

Nada a dever aos yankees de Napa Valley. Muito temos todos a aprender com estes "paisanos". A variedade de vinho aqui mostrada é a curiosa Casa Valduga Mundus Portugal 2008.

E esta? Feliz acaso, revelada aqui mais uma inusitada ligação à Lusitânia. Obrigado, caríssima Edite Menegat, por mais isto.

A seguir vamos à casa Château Lacave, da simpática e nobre cidade de Caxias do Sul, proclamada a capital da uva e do vinho no Brasil. E também da região da Serra Gaúcha.

Mais um bom site duma casa vinícola, onde destacaria as fotos do excelente Salão das Bandeiras, espaço belíssimo dedicado a eventos de larga escala, para cerca de 250 comensais. A variedade de vinho aqui mostrada é a Anticuário Antigas Reservas Safra 2007, com a garrafa, por sinal, a fazer lembrar o nosso mundialmente conhecido Mateus Rosé.

Por fim, a autenticidade, a genuina ruralidade da casa Boscato, vinhos finos, de Nova Pádua. A mais ligada à terra. A menos sofisticada. Mas não menos apelativa. No site destaco as fotos da adega, dos vinhedos e das paisagens locais ao nascer e pôr do sol. Desse Sol de que a uva depende tanto para a sua qualidade. A variedade de vinho aqui ilustrada é a Boscato Reserva Merlot 2005.

Julgo estar aqui feito um panorama razoável do que o Brasil tem a dar ao mundo do vinho. E que é pena que nós em Portugal não possamos disfrutar ainda de nada da produção destas casas, à excepção dos vimhos da Dão Sul.

E a ideia peregrina do dia é: e que tal haver quem se chegue à frente e comece a importar estes vinhos do Brasil? É capaz de haver aqui um nicho de mercado por explorar, não?

Para finalizar, como contraponto com o que do velho mundo nós, portugueses, podemos representar, ao lado deste novo mundo do Brasil aqui explanado, e também para exemplificar que ambos estes mundos têm a sua beleza própria e complementam-se, aqui fica o link para aceder á galeria de fotos da Quinta da Bacalhôa, em Vila Nogueira de Azeitão, península de Setúbal, Portugal.

E relembro o que a mim me ensinaram: a vida é demasiado curta para beber mau vinho.

6 comentários:

edite disse...

Parabens!!!!...e obrigada!..não vou me estender agora...mas num próximo momento irei deixar mais palavras aqui...beijos!

Elisabete disse...

Fez-me lembrar que na semana passada, estive no Jardim do Buddha Éden(lindíssimo)e tivemos que passar pela loja de vinhos. Tantas garrafas havia por lá...

Karine Freithas disse...

Olá Giuseppe, obrigada pela visitinha em meu blog!Eu também gosto de amizades! Seja bem vindo! beijos

Giuseppe Pietrini disse...

Edite, as suas palavras são sempre benvindas nos meus blogs ed in mio cuore. Baci de saudade...

Giuseppe Pietrini disse...

Elisabete, isso é uma falha no meu CV. Tenho vergonha de confessar ainda não ter ido ao Buddha Eden no Bombarral. E por falar nesta localidade, agora percebo a existência de uma loja de vinhos lá nesse jardim do Joe Berardo.

Futuramente falarei duma associação do sagrado sangue de Cristo ao mais profano personagem. Aquela quem os ingleses mais antigos chamavam de "old gentleman".

Giuseppe Pietrini disse...

Pois é, cara Karine, vi um post no seu blog "A Voz do Coração" com o título "Amo pessoas". E cuidei que você talvez também viesse a colocar algum comentário seu num dos meus blogs. Por uma questão de cortesia, como julgo que o fez desta vez. Mas não sei se terá lido, o post que eu publiquei que mais se aproxima do seu próprio pensamento expresso, Karine, está noutro blog, "Giuseppe Pietrini a presidente" e tem o título "Zen...".

url: http://giuseppepietriniapresidente.blogspot.com/2011/04/zen.html

Beijim de boas vindas!