quinta-feira, 22 de agosto de 2019

• 10

Dez anos. Há dez anos que sou um blogger. Há dez anos que mantenho esta disciplina de escrever pelo menos um post por mês, em cada um dos três blogs que fui criando, ainda no primeiro ano desta actividade talvez supérflua e fútil. Sem falha.

A impressão fica que ao longo destes dez anos as pessoas foram deixando de ler blogs. Ou talvez não…

Talvez aqueles que se iniciaram na blogosfera bem no início deste fenómeno digital tenham garantido logo cedo a sua massa crítica de leitores. Ou pelo menos alguns destes. Aqueles a quem algum golpe de sorte tenha bafejado. E por isso tenham atingido um estado de graça que não se desvaneceu.

Talvez eu tenha chegado já tarde á blogosfera. Talvez os assuntos que abordo não sejam nada mainstream. Ou não são apelativos, tout court. Ou não haja um target* bem definido para o meu estilo de escrita.

Em boa verdade, tantas mais razões podem existir, afinal, para não ter alcançado um suposto sucesso que de uma forma largamente optimista eu sempre esperei obter...

Mas pouco importa. Talvez eu persista mais outros dez anos. Não sei. Não tem de haver uma altura para um homem que gosta de escrever se reformar dessa azáfama. Alcance o nirvana do sucesso ou não.

Algum tipo de sucesso garanti hoje mesmo, de qualquer modo. A partir de hoje posso legitimamente sentir-me mais livre e autónomo. E também mais produtivo na profissão que tenho abraçado neste últimos três a quatro anos. Ou por outro lado, sobretudo vou ser mais criativo. E o serviço que presto mais apreciado pelas gentes viajantes.

Pois é, hoje talvez tenha chegado o boost que me faltava. Para tudo. Como guia turístico e como blogger. Como fotógrafo amador, também talvez. Na missão que julgo ter neste mundo.

E o que é curioso é que a minha muleta aguardou um ano inteiro para que alguém - no caso sou eu o sortudo - passasse a dar-lhe um sentido de utilidade. Quiçá mais um sinal dos deuses a significar que tem que ser desta**!… 
____________________________________________________

* Em termos de idade ou de género, não parece haver um público-alvo alargado para o que a minha pena produz.

** Para além disto, o dia começou nada mal, com um bom augúrio. Com um record absoluto de page views, assinalado pelo website statcounter.com. Mas o que era mesmo fixe eram os comentários nos posts dos três blogs voltarem a ressurgir. E não mais abrandarem.

4 comentários:

Belinha Fernandes disse...

Parabéns pelos 10 anos! Eu comecei um pouco antes ainda! Depois de um período constante de escrita e criação de blogues fui-me desprendendo da blogosfera. A facada mortal foi a minha entrada no Facebook, embora sempre aqui fosse escrevendo qualquer coisa. Mas regressei de forma mais regular em Janeiro e não estou arrependida.Podia continuar a escrever no Facebook onde reúno muitos Likes a cada postagem. Mas quem gosta mesmo de escrever e de experimentar com a escrita, ou de fazer pesquisa na net, linkar,etc, está melhor aqui. Também há uma clama diferente, um ritmo diferente, na blogosfera, e eu estou numa de evitar todo o stress. Além disso o Facebook vive do momento e gera fenómenos de interesse ...sem interesse algum que só nos arrastam para perdas de tempo e trocas de ideias tantas vezes vazias, quando não para insultos. Quando regressei aqui fiz uma ronda e estava tudo diferente. O meu blogue não tem um target, nem nunca vai ter. Assim é difícil captar leitores. Infelizmente os meus seguidores iniciais dissiparam-se e alguns até morreram. De Janeiro para cá não acrescentei mais que dois ou três e apenas outros dois ou três comentam. Mas não me importo. Vou continuar por aqui porque sobretudo o que gosto é de escrever e tenho no blogue um bom pretexto para isso! É pena que o amigo só escreva uma postagem por mês pois escreve muito bem!

Giuseppe Pietrini disse...

Cara Belinha,

Antes de tudo, obrigado pelo seu input.

Ora, o Feicebuque... Já não faço login lá desde o dia da final do Euro 2016. Deixei-me daquilo, assim de repente, como quem deixa um vício, como o do tabaco. Já nem promovo os meus posts nessa rede social. Mas vá, ainda o vou fazendo no Twitter. Sem grande retorno.

Quando há muitos anos atrás comecei no "livro das caras" aquilo era novidade fresca. Hoje todo o bicho careta está no Face e fala à saciedade nas cafetarias desta vida o que o/a próprio/a postou ou do que terceiros fizeram. E todos os assuntos badalados desta forma pelas gentes parecem-me tão fúteis…

Obrigado uma vez mais por ter dito que escrevo bem. Mas pessoalmente não estou muito convicto disso. E sobretudo escrevo bem menos do que a Belinha. Apenas um, dois ou três posts por mês e por blog. Porque não me resta muito tempo livre e de qualidade.

Por isso, até para lhe dedicar hoje estas minhas palavras demorei. É que não podia ser a despachar. A Belinha merece mais, bem mais. Felizmente que no seu caso a falta de tempo parece não suceder. O seu ritmo de postagens é bem mais profícuo. E ainda bem. Eu sinto-me dispensado pelo universo de postar tanto como a Belinha porque… deveras francamente, aquilo que escreve na esmagadora maioria dos casos é o que eu penso igualmente. Assim, I rest my case. A Belinha já se deu ao trabalho de verbalizar - melhor, escrevinhar - aquilo que vai divagando também na minha mente.

Bom saber que não estou sozinho no mundo na forma de ver os seus pequenos detalhes, em que talvez só eu e a Belinha e outros raros seres despertos estão atentos.

Respect, Belinha!…
Giuseppe

Belinha Fernandes disse...

Obrigada por tamanha atenção. É verdade. O Facebook mudou muito. Estou lá há 12 anos pelo menos. Com grandes ausências pelo meio. O tempo que usava no Facebook uso-o agora para escrever no blogue. Passei lá esta semana para deixar algumas mensagens, mas realmente perdi o interesse por "navegar" pelo feed e só tenho pena que algumas pessoas de lá não possuam um blogue e persistam, obrigando-me, por isso, a fazer visitas. Se não fosse esse pequeno grupo... Aproveito para escrever quando não consigo dormir, vou fazendo postagens breves onde resumo para futuro, ou faço uma pesquisa e alinho uns tópicos. Assim é depois mais fácil prosseguir. Por vezes chego a ter quase uns 10 rascunhos. Também no final do almoço enquanto não tenho energia para trabalhar aproveito. Já escrevi mais depressa do que hoje e quando recomecei aqui até achei que estava emperrada.O meu trabalho obrigou-me a ser célere no teclado, acho que veio daí a prática. E muitas vezes não me embrenho por territórios difíceis que, para esses, é que não há mesmo tempo. Por vezes leio textos tão bem escritos que acho que devia ter mais calma, escrever menos e mais reflectidamente. Quem sabe se um dia não tem mais tempo livre podendo, então, dedicar-se mais à escrita!

Giuseppe Pietrini disse...

Pois é, gostaria de ter mais tempo livre para dedicar à escrita... Não só para postar mais, mas sobretudo para não demorar tanto a contestar a quem me envia os seus comentários, como a Belinha o faz, e me faz crescer como blogger. E me incentiva a continuar.

Quanto ao tema de escrever menos e mais reflectidamente, isso foi o que um dia Eça de Queirós disse em epístola a um dos seus correspondentes, julgo que Ramalho Ortigão. No fim duma carta com um texto extenso, Eça pediu desculpa por não ter tido tempo para escrever... menos.

É um facto, temos de ter poder de síntese. Escrever menos, textos e ideias mais condensados para que mais pessoas nos leiam. Porque hoje - ou quiçá, sempre - já não há pachorra para a leitura.

Há que anos que não leio um bom livro, do princípio ao fim, com uma cadência mais adequada à importância da alma que o escreveu.

Saudações blogueiras!... ;-)
Giuseppe