quarta-feira, 1 de julho de 2015

• E vão nove!…

E a “minha” nona telenovela é uma que ainda nem estreou. Que muito provavelmente se vai intitular “Santa Bárbara”.

As cenas em que eu participei em filmagens foram realizadas num local da minha Ulisseia que eu desconhecia completamente. No Museu Geológico, na Rua da Academia das Ciências, ao Príncipe Real, em Lisboa.

Julguei a princípio que esta rua era um outro nome que se daria à Rua da Escola Politécnica e que todas as filmagens seriam feitas no Museu da Faculdade de Ciências ou no Jardim Botânico contíguo. Mas não. Há sempre um Portugal desconhecido que espera por nós, como rezava um antigo slogan do Turismo lusitano.

A coisa ficava afinal ainda uma beka longe do Largo do Príncipe Real. Pegado ao antigo Liceu Passos Manuel e cercano da Rua de São Bento e da Assembleia da República. Um recanto de Lisboa que achei, afinal, até bem tranquilo e convidativo para se viver lá.

As cenas que ali registámos eram como que de uma cerimónia oficial de apresentação dum investimento turístico importante para esta localidade de Santa Bárbara, uma fictícia cidadezinha do interior que vive um período fausto com a reabertura da exploração das suas antigas minas de ouro, que datam da ocupação romana.

O cenário, um magnífico salão nobre no edifício do museu, a dar ares da grande Biblioteca da Universidade de Coimbra. Algo inusitado de descobrir dentro daquelas velhas paredes. Este ofício tem as suas vantagens. Entramos bastas vezes dentro de portas que nos estariam fechadas enquanto público. 

O meu papel foi, como o de muitos outros a meu lado, o de ser um elemento da chamada “turma do croquete”, aquela gentinha que se pela por aparecer em eventos sociais elitistas e por tirar a barriga de misérias em beberetes oferecidos à nata da sociedade local, a que supostamente nós pertencíamos.

Isto é tudo uma grande ironia da vida! Eu, que na realidade não passo dum teso, dum pelintra, dum desempregado a maior parte do tempo, dum gajo que não tem onde cair morto... E vai-se a ver, na ficção são-me dados personagens da alta. Tanto assim foi aqui na “Santa Bárbara” como o é em “A Única Mulher”, onde sou raccord dum membro dum conselho de administração duma grande empresa de construção civil.

Nos “Jardins Proibidos” lá tenho feito diversos personagens, também sempre a descobrir lugares onde ainda não tinha posto os pés. Um funeral no Cemitério dos Prazeres, um casamento numa pequena capela em Vialonga, uma tarde a frequentar o Pestana Palace Hotel da Lapa e um jantarzinho no Cantinho da Ju, sendo este último um restaurante de luxo fictício nos estúdios da Plural em Bucelas.

Tudo somado, este ano ainda só vou em catorze dias em frente às câmeras, oito para a Plural e seis para a Valente. Alguns dessas jornadas com mais de doze horas consecutivas.

Queria e deveria ter muito mais. E com papéis mais desafiantes. Como aquele que no ano passado tive de recusar por força do meu animatógrafo retiro algarvio. O papel de um neurocirurgião numa sala de operações. Que talvez me causasse uma revolta nas tripas e uns chamamentos de Gregórios em plena actuação… Mas enfim, era um desafio do caraças!…

Voltando á vaca fria, segundo a TVI, na sua apresentação oficial, “Santa Bárbara” é uma adaptação de um original argentino, “La Patrona”. A julgar pelo cartaz ao lado, os castings na América latina devem permitir, regra geral, escolher protagonistas femininos bem mais vistosos do que entre nós, pobres tuguinhas… Um belo pedaço de mulher, esta matriarca com capacete de mineiro, do austral país das pampas!...

Vamos ver no que vai dar esta nova telenovela. Parece tudo ainda muito em cima do joelho!… Não há por esta altura ainda um logotipo oficial. O que está acima é um screenshot do protótipo do genérico, que pode ser visto clicando aqui. Estas produções locais já deviam estar mais avançadas na sua promoção, digo eu…

4 comentários:

Anónimo disse...

Não vejo telenovelas (já vi e até um pouco para o viciada)
É actor profissional ou entra de vez em quando?
Excelente vantagem essa de conhecer locais onde talvez nunca fosse :)
Nessa "onda" de explorar o desconhecido eu costumo "entrar" :), neste momento estou em "fuga", saindo da rotina, estou dentro do nosso país,não me atrevo a sair para o estrangeiro sozinha, sou uma aventureira que não chega a tanto :)
Lúísa Mendes

Giuseppe Pietrini disse...

Querida amiga Luísa,

As duas coisas: entro de vez em quando, com profissionalismo. Mas ainda não posso dizer que posso viver de ser actor, porque ainda são poucos os dobrões que me atiram por emprestar a minha imagem e ser um bibelot ambulante e falante.

E que não lhe falte aventuras! Dentro da Tugalândia há muito que explorar ainda. Veja por exemplo, este post. Se eu pudesse, talvez gostasse de lhe fazer companhia nesses viagens de descoberta do seu eu.

Beijim! ;-)
Giuseppe

Unknown disse...

Parabéns por mais uma. Como perfaz nove, mereces o prémio Gato (9 vidas/fôlegos). Para mim, que acho os gatos fascinantes, é um prémio muito honroso. :)
Manela Cardoso

Giuseppe Pietrini disse...

Bem, Manuela...

É um prémio fixe, sim senhora... E as nove vidas davam bastante jeito se eu fosse um gato daquela aldeia lá p'ras bandas de Vila Flor, Trás-os-Montes, na noite de São João. Onde vive gente ainda bem mergulhada num obscurantismo tribal e medieval, infelizmente. O que me espanta é que... Também ali deve ter deambulado um dia um padre ou um professor forasteiro áquelas gentes. E ninguém teve nunca a coragem e o bom senso de lhes dizer que o que eles fazem a um pobre animal é absolutamente errado???...

Tem um bom fim de semana, setôra.
José

P.S.: isto de ter chegado a participar em nove telenovelas é até um feito banal. Eu é que não o previa há um ano atrás. Tal como não sabia que isto é divertido bués.