quinta-feira, 27 de março de 2025

• O tal do chocolate do Dubai

Eu juro!… Quando comecei a ouvir falar tanto do famoso chocolate do Dubai cuidei que seria talvez uma gíria para designar alguma nova espécie de estupefaciente. Afinal por vezes chamamos ao haxixe de Marrocos chocolate também. E o Dubai não foi até aos dias de hoje particularmente conhecido por ter uma tradicional indústria deste ramo da doçaria fina.

Descubro entretanto e recentemente que o tal chocolate é mesmo um chocolate. De leite, recheado com uma pasta de pistachio e um tipo de massa folhada turca, kadayif, que deve ser algo semelhante a uma baclava, digo eu.

O aspecto visual da coisa não é, na minha modesta opinião de leigo, muito atractivo. Exteriormente faz lembrar uma daquelas tabletes do inqualificável sucedâneo de chocolate espanhol que todos nós tugas costumamos deixar esquecido num armário de cozinha bolorenta, com mais de uma década vencida após o prazo de validade.

E no entanto o produto esgota-se em questão de minutos nas lojas que logram apresentar uma versão low cost desta iguaria nas suas prateleiras deluxe

Creio que vou ter de aguardar uns largos meses até que o público se canse desta viralidade toda. Para poder matar a minha curiosidade sobre se vale a pena comprar e degustar esta delicatessen.

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

• Santa Cruz

Como já noticiei noutro dos meus três blogs, estou actualmente a viver em Ponte do Rol, concelho de Torres Vedras. Mas a minha ambição inicial era morar não muito longe daqui, na bela praia de Santa Cruz.

Por esta humilde povoação passaram já em suas vidas alguns ilustres escritores que por lá se encantaram com a sublime tranquilidade que tanto se respira naquelas remotas bandas. Sobretudo na hora mágica do sol poente. Hora do dia essa que era justamente a predilecção do poeta Kazuo Dan, cujo memorial está mostrado na foto do topo deste post.

Consta que este parava de fazer tudo o que tivesse entre mãos e rumava ao miradouro sobre a praia uma meia hora antes do sol se pôr. E quando o astro-rei ia sumindo no horizonte gritava a um suposto gestor deste universo “Devolve-mo! Devolve-mo!”.

Santa Cruz vai representar provavelmente o crepúsculo da minha actual existência. Não é que eu queira me despedir já. Não. Ainda só tenho uns 64 outonos mal vividos, caramba. E quero alcançar a centena destes - gozando melhor a vida, se possível for - e mesmo ultrapassar esse marco temporal. Mas talvez já seja a hora de retornar a espada à baínha.

Como canta o vate Almir Sater, "Ando devagar porque já tive pressa".

segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

• Turismo militar

Na semana passada estive enquanto guia turístico no defeso à descoberta dum roteiro de turismo militar, particularmente focado no período das invasões francesas. E não podia imaginar a priori quão interessante e encantador foi.

Tudo começou pelo acesso ao Miradouro da Serra do Picoto, no concelho do Bombarral. Ilustrado na imagem acima. Local onde terá ocorrido a assim chamada Batalha da Roliça. Durante a primeira invasão efectuada pelos exércitos de Napoleão Bonaparte.

Deste miradouro pode-se vislumbrar um panorama magnífico sobre os concelhos de Peniche e Óbidos. E numa aldeia ali mais próxima, a Columbeira, por onde se chega por uma estrada num curioso Vale do Roto, existe uma antiga e pequenita escolinha primária que foi recentemente transformada num Centro de Interpretação da Batalha da Roliça. E que é uma pequena hidden gem.

Fui informado que geralmente no dia comemorativo do Armistício* da Primeira Guerra Mundial, 11 de Novembro, há um grupo de militares britânicos que se desloca até este importante marco da história militar do seu país para depositar uma coroa de flores no túmulo do Coronel Lake, que terá sido morto nesta batalha.

Visitou-se logo de seguida o Centro de Interpretação da Batalha do Vimeiro, uma outra pérola ainda algo desconhecida de todos nós. Situado num edifício lindíssimo de dois pisos com várias salas de exposições ricamente decoradas, com um muito bom gosto arranjadas, e onde podemos ser presenteados com a visão do campo de batalha nas suas traseiras e ter a noção da movimentação das tropas nesse cenário.

Anualmente é executada uma recriação histórica dessa batalha, que terá durado umas escassas duas horas, desde as 9 até às 11h duma manhã ensolarada de Agosto.

Depois dum belo repasto no Roots, um restaurante que nos pode servir em certos dias um Bife Wellington alusivo a este tema histórico, adiante fomos ao Forte de São Vicente, que está sobranceiro à cidade de Torres Vedras, e que é um dos mais relevantes do impressionante sistema de defesa das Linhas de Torres, a construção militar mais eficaz da história da Europa.

Por último estivemos no Centro de Interpretação das Linhas de Torres no concelho do Sobral de Monte Agraço, um dos vários centros desta temática existentes em vários concelhos da região Oeste. Que está situado na praça principal da vila, a da Câmara Municipal, e que foi o palco duma batalha num centro urbano em que os franceses dessa feita levaram a melhor.

E neste mesmo município acabou-se este roteiro dum dia apenas no Forte do Alqueidão, aquele a que o nosso Duque de Wellington acedia todos os dias pela manhãzinha quando saía a cavalo do seu quartel-general estabelecido numa casa na aldeia próxima de Pêro Negro.

Ainda se poderia visitar mais outros pontos de interesse das Linhas de Torres. E creio que isso ficará para um segundo dia.

Já por uma vez levei um casal londrino a conhecer alguns deste lugares históricos. Mas agora com a minha cultura geral mais fornecida de factos curiosos e de locais de visita obrigatória quedo-me ansioso por levar á prática tudo o que já vi e me surpreendeu. 
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* Também designado por Armistício de Compiègne.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

• Dinheiro & felicidade

O dinheiro não traz felicidade, dizem por aí… Mas ter esta verdura toda na carteira, em aérios e dollars americanos, só me deixou bem contentinho enquanto a vislumbrava.

Deambulei por muito sítio pouco recomendado com este recheio durante meses e nunca fui assaltado*. Talvez porque eu possua uma cara de quem não tem onde cair morto. E na verdade é como um vagabundo que me sinto nos tempos que correm. O facto é que até posso proclamar que nada me falta. Ou quase nada, para ser franco.

Tenho graveto que me permitiria fazer aquela grande viagem de sonho. Mas depois não tenho a bem dizer um lar, doce lar, que possa chamar de meu para voltar a este. 

Quiçá muito em breve este status quo possa sofrer um belo upgrade...

E por falar em upgrades, fiz um na coluna da direita, acrescentando dois IBAN’s nos quais os meus queridos leitores e mecenas poderão continuar a fazer uns donativozinhos, afim de me permitir prosseguir nesta senda de escrevinhador, se me reconhecerem algum talento e arte para vos provocar sorrisos e temas de reflexão.

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* Ainda conservo esta grana e mais uns trocados, mas agora depositada no ActivoBank, o bando dos desvalidos, a avaliar pelo maralhal de monhés - de todas as castas hindustânicas, desde os sikhs até aos intocáveis - que todos os dias sou testemunha de vê-los a querer abrir conta nesta instituição.