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• Praias fluviais
A minha cidade natal, Lisboa, parece ter ganho uma praia fluvial. Na Ribeira das Naus, aquele espaço entre o Terreiro do Paço e o Cais do Sodré, durante tantos anos deixado ao desprezo.
A edilidade olissiponense prefere não classificar este referido local e a sua intervenção urbana como uma verdadeira praia fluvial. Designa a coisa antes com "avanço de margem". Pois bem… É uma cautelosa atitude. Porque as águas do Tejo naquela zona são mesmo impróprias para banhistas.
No entanto, os turistas que nos visitam não o sabem de imediato. E pululam a zona com toalhas de praia estendidas em cima das lajes de betão onde as ondinhas do rio vêm rebentar devagarinho.
Se nós, lisboetas e gente dos arrabaldes suburbanos não banhados pelo mar, quisermos imitá-los e limitarmo-nos a tomar banhos de sol resultantes em escaldões tipo lagosta suada, aqui está a solução que a crise impõe para trabalhar para o bronze, de uma forma troikiana.
Agora um pouco mais a sério… É uma lástima que não existam praias de rio no Tejo de jeito senão bem longe da sua foz. Sendo a primeira das menos longínquas, na minha opinião pessoal, a de Constãncia. Que fica a mais de uma centena de kilómetros. E mesmo assim, o que lhe vale são as águas límpidas do Zêzere, que ali se reúne ao nosso maior rio.
E digo lástima porque hoje em dia dou privilégio a estas praias mais calmas do as oceânicas. Quanto não é melhor sair duma água fresca e clarinha até mais não e ir descansar a seguir á sombra de uma pequena floresta de árvores frondosas e sobre uma relvinha bem aparada… em vez de uma torreira de sol e areias tórridas.
É por isso, porque para mim praia fluvial à maneira tem de ter áreas verdes e sombras frescas, que não considero como opção as praias do rio Tejo dentro da área da grande Lisboa. Como a dos moínhos de Alburrica, no Barreiro ou a da aldeia do Rosário, na Moita. Ou a da antiga seca do bacalhau em Alcochete.
Eu aplaudo o facto de hoje em dia muitas autarquias do interior de Portugal terem despertado para os encantos das águas cristalinas dos nossos rios e ribeiras. A ponto de se terem edificado praias fluviais com arranjos paisagísticos das suas envolventes muito convidativos.
Pena é que eu viva tão longe dessas terras do interior… Mas ainda um dia hei-de trocar esta Lisboa, que me tem sido tão aziaga, por alguma dessas paragens onde se ouve água corrente, mesmo no mais seco dos estios.
Para quem quiser sonhar o mesmo que eu, é consultar o cardápio destes pequenos paraísos, ainda meio secretos. Dois dos melhores websites para o efeito são:
O Rede de Praias Fluviais, da responsabilidade da ADXTUR - Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto;
...e o Guia das Praias Fluviais, editado pela Blanche, uma produtora de Castelo Branco, cujas actividades são a gravação de som e imagem e edição de música. Estranho é que com este excelente website, esta empresa não aproveite para se promover…
E com isto, estamos apenas a falar do Pinhal Interior!… Ainda não se abordam as praias do interior norte, da Beira Alta, do Alentejo... ou do Algarve, que também tem algumas bem pouco conhecidas mas assaz interessantes praias de água doce.
Mas se fosse pedido para eleger uma, acho que a minha tendência iria para a praia fluvial do Açude Pinto, em Oleiros… A ver bem se não é altamente apelativa a imagem em baixo deste recanto secreto.
2 comentários:
Várias hipóteses para visitar, conheço a primeira como alfacinha que sou de, pelo menos 5ª geração, na mesma freguesia, do lado materno.
Sou natural de Portimão onde apenas nasci e vive uns meses, a profissão do meu pai criou esta "confusão".
Por uma questão de meses, muito poucos, nasci no Algarve :), considero-me lisboeta!
Adorei as sugestões!
Luísa Mendes
Querida amiga Luísa,
Já eu cá sou olissiponenese (e também já sem grande orgulho nisso) mas por uma questão de meses, muito poucos, o ano passado no verão índio senti-me belissimamente na pele de um algarvio. Baseado em Armação de Pêra e deambulando nos domínios marítimos entre a praia da Galé, Albufeira e Benagil, Lagoa. E descrevi essa experiência por escrito neste texto, aqui.
Beijim! ;-)
Giuseppe
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