Por vezes pergunto-me o que ainda ando a fazer neste planeta e, sobretudo, neste pequeno país-jardim-à-beira-mar-plantado…
Não tenho sido solicitado p’ra nada ou quase nada. Não me sinto a ajudar em nada ou quase nada a toda-poderosa economia nacional no seu mais que almejado crescimento, que se quer bem pujante. E o que eu mais desejaria até era viver na “clandestinidade”, na chamada economia paralela…
Neste passado mês de Agosto querido, apenas fiz um serviço de transfer, que me ocupou umas escassas três a quatro horas. Mas, numa première para moi, executado envolvendo a condução duma viatura toda catita: uma Mercedes-Benz Viano, de cor preta - muito preta, mesmo preta, preta, e com vidros fumados e tudo - com caixa automática. Isto num único dia, o 22.
Era mesmo isto o que eu queria fazer todos os santos dias!… É que me sinto mesmo bem na pele daquele que conduz outros ao seu destino, com todo o conforto e apoio humano. E com estilo!… ;-)
O que eu adoraria mesmo era fazer de todas as estradas do velho continente europeu o meu escritório. Portugal e Espanha são já territórios algo repisados por mim. Os private tours que eu gostaria de conceber e realizar têm de ter limites mais vastos.
Contudo, numa outra área e nos últimos dois dias do mês, lá me caiu do céu também fazer dois dias de trabalho de figuração. E foi uma coisinha deveras divertida!…
Porque foi algo diferente. Não para uma telenovela da SIC ou TVI, mas antes para uma série da RTP1. E de época, como é costume catalogar as séries históricas. Remontando ao ano de 1547. Num cenário inusitado, o
Forte de São Julião da Barra, em Oeiras, ilustrado na foto no topo deste
post. O que é sempre muito fixe!...
Incarnei na pele e na peculiar indumentária dum assim denominado “funcionário
da Marinha” - como se pode admirar na foto aqui ao lado -, ao que parece
frequentador duma espelunca intitulada “Taberna do Galego”,
na série “
Ministério do Tempo”. Onde o grande vate Luís Vaz de Camões, com quem contracenei, seria também assíduo...
Diz-se que disse - porque há aqui um certo secretismo que nem sequer me deveria permitir falar sobre estas filmagens aqui online neste blog - que será uma adaptação da excelente série espanhola “
El Ministerio del Tiempo”, da RTVE…
A RTP não faz nem quer fazer ainda qualquer divulgação prévia desta sua nova série, não bem como o faz com todas as outras a estrear. A ver vamos porquê…
Já me deu em dias umas venetas de recusar todo e qualquer trabalho de figuração. Estou cansado de fazer as costumeiras molhadas ou simples passagens em fundo de cenário. Cansado de ser apenas um adereço móvel. Um bibelot ambulante. Quero mais.
E creio bem que até mereço mais. Tenho feito figuração quase como se de um hobby se tratasse. Mas acho que levava jeito para ser mesmo actor, nem que fosse apenas secundário.
Talvez se eu tiver a fortuna de encontrar um agente ou, ao menos, um belo dum mecenas… Até o fazia a título gratuito ou voluntário. Mesmo se persistisse tão-só como figurante. Porque já me dá um gozo incrível entrar em lugares a que dificilmente teria livre acesso, doutra forma, como este forte ou o Palácio do Correio-Mor, em Loures.
Foi o caso neste último lugar, em que ademais tive de me ataviar com uma
fatiota toda janota, que me fazia assemelhar a um vampiro. Episódio já
relatado noutro
blog meu, neste
post que pode ser lido clicando
aqui. Vide a bela da foto acima…
Calhou-me também uma vez neste
métier bizarro vestir a bata dum cirurgião, algo que nunca por vocação ou gosto o faria vez nenhuma!… Mexer em vísceras e figadeiras não é nada mesmo a minha praia!...
Um facto curioso deu-se nesta ocasião: uma das figurantes que contracenava comigo como médica no bloco operatório era na vida real finalista dum curso de Medicina. O que a tornou instantaneamente a melhor consultora da equipa de produção para os pequenos detalhes a que estes deveriam atender, de modo a dar à coisa o máximo de autenticidade.
Isto foi para a telenovela “
A Impostora”, da TVI. Uma vez mais, vide foto ao lado, uma
selfie num qualquer wc do complexo dos estúdios da Plural na Quinta dos Mellos, em Bucelas.
Outra
selfie tirei também - mostrada aqui ao lado - noutra ocasião nos mesmos estúdios, quando uma vez mais incarnei um personagem supostamente da alta burguesia local de
Santa Bárbara, na telenovela da TVI com o mesmo nome… Isto no beberete da inauguração do luxuoso hotel daquela ilustre urbe.
Ironicamente na vida real sou um teso, um zé-ninguém
sin plata, um homem vazio que só tem a si mesmo e ao seu tempo como oferta a dar aos outros. E na ficção vivo de forma abastada, ao menos na aparência.
Vidas!… Um dia, oxalá, a ficção passa a ser realidade. O mote que me vai fazendo viver é: "Nada é impossível". O pior é que o contrário também pode acontecer.