sexta-feira, 20 de março de 2015
• E vão quatro!…
E sem dar por isso, já são quatro* as telenovelas em que tive alguma participação… Com uma visibilidade escassa, mas ainda assim eu estive lá. Desta última vez, com um pouco mais de destaque.
Nesta telenovela “Jardins Proibidos” - uma reedição de outra com o mesmo nome, exibida há mais de uns quinze anos, creio - um dos vários casais da trama são a Raquel e o Diogo. Esta falece devido a um cancro. E o Diogo, o viúvo, despede-se da sua amada Raquel nesta cena em que intervenho. Filmada a 12 de Fevereiro deste ano no cemitério dos Prazeres.
O Diogo é interpretado pelo actor Rui Porto Nunes. Cuja fisionomia achei deveras parecida com a minha. E quem ler estas linhas poderá julgar por si, ao ver a foto acima, tirada em plenas filmagens. Ou um excerto do episódio em causa, clicando aqui.
(Já agora, neste dia, com a minha barba de três dias quase a atingir 2 semanas de idade, com a indumentária que me foi atribuída pela produção e com o meu semblante** sempre carregado… acho que fiquei com um look tipo Capitão Haddock!…)
Eu poderia ter sido o pai do Diogo nesta ficção. Mas não. Fui o pai da falecida esposa dele. O que se justificará por aquela crença que nos diz que as raparigas procuram dum modo geral namorados em que vêem algo do seu próprio pai…
Este dia inteiro de filmagens proporcionou-me mais uma inédita experiência de vida: a de tomar uma refeição rodeado por almas de tantos que ali se encontravam na paz eterna, enclausurados em seus jazigos. Experiência partilhada por todos os que estávamos envolvidos nestas andanças, actores e técnicos. Um prazeirento almoço em modo picnic numa mesa disposta ao longo duma daquelas alamedas pejadas de sepulturas. Quais pequenos mausoléus, cada um de seu clã.
E assim vai vivendo este indivíduo “in between jobs” que eu sou***, na Lusitânia dos nossos dias. Enquanto Dom Sebastião não regressa…
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* Das outras três telenovelas em que estive envolvido já escrevi nestes dois posts, que podem ser consultados clicando aqui e aqui.
** Semblante esse que aliás para o dramatismo daquele momento ficcional era mesmo o adequado.Ás tantas, foi pela minha assaz predominante e típica expressão facial tipo "cara de enterro" que me escolheram para isto…
*** Agora reformulando num actual bom português: o rótulo que me poderá ser grudado com uma maior exactidão político-sociológica contemporânea é, dentro da crescente classe dos desempregados, o de um desencorajado.
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